Enquanto termômetros na Europa registraram máxima recorde nos últimos dias, parte da China também está imersa em uma intensa onda de calor que já dura três semanas. A temperatura ultrapassou a casa dos 40ºC no país e a Administração Meteorológica da China (CMA) renovou um alerta laranja de calor, o segundo mais alto em uma escala de quatro.
Temperaturas recordes foram registradas em quase uma dúzia de cidades, incluindo Pequim, Chongqing e centros urbanos nas províncias de Hebei e Shandong, de acordo com a imprensa chinesa.
Calor ou frio extremos têm se tornado mais frequentes no mundo. Mudança na temperatura não é raro episódio que afeta pontualmente grupos de riscos, como idosos e crianças, e sim um preocupante padrão que se desenha em escala global e traz consequências diretas para a vida de milhões de pessoas nas mais diversas regiões do mundo.
O calor que atinge as megacidades chinesas nas últimas semanas gerou pico no consumo de eletricidade na nação mais populosa do mundo e vem colocando recursos hídricos sob estresse.
Chineses lotaram parques aquáticos e praias e seguem com o ar condicionado constantemente ligado. É justamente o período entre o final de julho e início de agosto o mais quente do ano.
Crianças e adultos circulam no sul da China com um arco de plástico colorido envolta do pescoço que tem um ventilador em cada extremidade jogando constantemente ar fresco no rosto. É o mais novo item “de sobrevivência” do verão chinês.
Hong Kong acompanha a evolução do clima local através do Observatório de Hong Kong, autoridade meteorológica do território, há 1.884 anos, e os dias de “calor extremo” têm se tornado mais frequentes.
Em 2018, o território chinês registrou o inverno mais quente, desde que esses dados começaram a ser coletados. No mesmo ano, termômetros marcaram 47ºC em Sydney. Temperatura mais alta desde 1939 na Austrália.
Embora a China não disponha de dados comparáveis para todo o território em série histórica, estudos recentes confirmam o aumento da temperatura registrada no país a cada ano.
Imagens de satélite evidenciam o impressionante derretimento de geleiras na bacia do rio Yarkant, no Xinjiang. Esse processo se acelerou nas últimas duas décadas, como mostra o relatório do Greenpeace publicado no verão passado. A China possui mais de 46 mil geleiras. É a terceira maior concentração de neve e gelo do mundo.
O aumento da temperatura está acelerando o desgelo, elevando o nível do mar e ameaçando diversas áreas urbanas na costa. Segundo o Banco Mundial, Jacarta e Cantão, Shenzhen e Hong Kong estão entre as cidades costeiras mais expostas do mundo aos efeitos das mudanças climáticas.
Essa semana, o presidente da Indonésia, Joko Widodo, anunciou que pretende construir um muro gigante no mar para proteger Jacarta da elevação das águas. O projeto de 42 bilhões de dólares visa salvar a cidade de 10 milhões de habitantes, que em algumas áreas já esta até quatro metros abaixo do nível do mar. A capital indonésia vem afundado a uma taxa de 10 centímetros ao ano.
Os países que estão investindo em políticas de prevenção e de proteção ao meio ambiente são os que estarão melhor preparados, são onde as pessoas terão mais chance. Sem o claro entendimento da mudança climática e como ela vai remodelar a forma como vamos viver nas próximas décadas, assistiremos desmunidos a desastres naturais, migrações e a uma vasta cartela de outras.
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