Marcelo Viana

Diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de France.

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Ucraniana ganha prêmio máximo da matemática

Maryna Viazovska é a segunda mulher laureada com a medalha Fields

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Na semana passada, a União Matemática Internacional anunciou os vencedores da medalha Fields de 2022. Premiação mais valorizada do mundo da matemática, a medalha é concedida a cada quatro anos a quatro matemáticos de não mais de 40 anos com contribuições fora de série à disciplina.

Em 2018, o anúncio foi feito no Brasil, durante o Congresso Internacional de Matemáticos no Rio de Janeiro. Quatro anos antes, o brasileiro Artur Avila, pesquisador do Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), estava entre os laureados na Coreia do Sul.

Mulher segura medalha dourada
A ucraniana Maryna Viazovska, 38, mostra sua Medalha Fields, recebida na cerimônia de premiação realizada em Helsinque - Vesa Moilanen/Lehtikuva/Reuters

A situação deste ano é inusitada. O ICM de 2022 deveria ter ocorrido em São Petersburgo, na Rússia, mas a guerra da Ucrânia levou a União Matemática Internacional a realizar o congresso online, pela primeira vez na história, e a premiação foi transferida para Helsinki, na Finlândia.

Ainda assim, o anúncio dos vencedores causou sensação, em parte pela presença na lista de uma mulher: a ucraniana Maryna Viazovska, da Escola Politécnica Federal de Lausanne, é apenas a segunda mulher laureada com a medalha Fields. A primeira, em 2014, havia sido a iraniana Maryam Mirzakhani (1977-2017). Viazovska está acompanhada pelo francês Hugo Duminil-Copin, do Instituto de Altos Estudos Científicos (IHES) de Paris; o britânico James Maynard, da Universidade de Oxford; e o sul-coreano June Huh, da Universidade de Princeton.

O principal trabalho de Viazovska trata do problema do empacotamento de esferas, suscitado há mais de 400 anos por uma questão prática da marinha de guerra britânica, a caminho da hegemonia mundial: como armazenar balas de canhão de modo que coubesse o maior número possível no porão de cada navio?

O problema chegou até o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571 – 1630), que o divulgou em trabalho publicado em 1611: como posicionar esferas idênticas num recipiente grande, de tal modo que caiba o maior número possível de esferas?

Há uma versão desse problema em dimensão 2, considerando discos no plano no lugar de esferas no espaço. Esse foi resolvido (empiricamente, claro) há milhões de anos pelas abelhas na construção dos seus favos. Viasovska notabilizou-se na direção contrária: ela resolveu o problema do empacotamento de esferas nas dimensões 8 e 24. Comentarei mais na próxima semana.

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