Marcelo Viana

Diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de France.

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História da medalha Fields, maior premiação da matemática

Prêmio é dado em reconhecimento de trabalho realizado, mas também como estímulo a novas realizações

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Ao final da 1ª Guerra Mundial, a Europa estava amargamente dividida, e o mundo da matemática não conseguiu ficar alheio. Por decisão da União Matemática Internacional, os matemáticos das nações vencidas —particularmente da Alemanha— foram barrados do Congresso Internacional de Matemáticos de 1920, em Estrasburgo. Essa situação perdurou até o Congresso de 1932, em Zurique, já às vésperas de novo conflito mundial.

O Congresso de 1924 teria sido em Nova York, mas por volta de 1922 já estava claro que, devido à política de exclusão, não seria possível obter financiamento nos Estados Unidos, país cujo desenvolvimento científico estava muito ligado à Alemanha.

Um dos lados da medalha Fields, com o rosto de Arquimedes
Um dos lados da Medalha Fields - Wikimedia Commons

Em situação crítica, mas incapaz de alterar a sua postura, a União Matemática Internacional respirou de alívio quando o canadense John Charles Fields (1863-1932) ofereceu organizar o Congresso em Toronto. Fields trabalhou arduamente, viajando sem cessar entre a América do Norte e a Europa, para realizar um evento que acabou sendo um sucesso. Diplomático, evitou confrontar a política de exclusão, ao mesmo tempo em que apontava que ela teria que acabar.

O Congresso de Toronto durou seis dias e contou com 444 participantes de 28 países. Nenhum brasileiro. Ao final, os delegados participaram na espetacular Excursão Continental, 18 dias (!) em trem até a costa oeste do Canadá "para conhecer a paisagem e os recursos naturais do país".

Feitas as contas, o Congresso de Toronto apresentou um saldo de 2.700 dólares. Por proposta de Fields, foi decidido que a maior parte fosse usada "para duas medalhas a serem concedidas nos Congressos Internacionais de Matemáticos subsequentes".

Fields empenhou-se na formulação da premiação. É por influência dele que a medalha tem um objetivo pouco usual, bem diferente dos prêmios Nobel, por exemplo: ela é dada "em reconhecimento de trabalho realizado, mas também como estímulo a novas realizações". Outro ponto em que insistiu —dessa vez sem sucesso— é que o prêmio não deveria levar o nome de ninguém.

A primeira entrega das medalhas Fields ocorreu no Congresso de Oslo em 1936. Infelizmente, o criador do prêmio falecera quatro anos antes. Em testamento, deixou 47 mil dólares para o financiamento da premiação. Uma doação adicional, anônima, foi feita em 1966. Mas até hoje o financiamento da medalha segue pequeno e deficitário.

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