Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos
Descrição de chapéu Folhainvest

Adiar o cineminha mudou seus investimentos

Fundos de investimentos de shopping tiveram quedas e fraco movimento nos cinemas ajudou

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Não são apenas os baldes de pipoca com um gosto exagerado de manteiga ou os copos de refrigerante do tamanho de jarras que têm suas vendas afetadas quando você troca o cinema por um filminho em casa. A concentração das salas de exibição em shopping centers fazem o setor sofrer com a ausência de espectadores.

As salas escuras são chamariz do público que, tradicionalmente, estende a noite para jantar em um restaurante, fazer as chamadas "compras de impulso" —aquelas não planejadas— e, obviamente, pagar o estacionamento, ainda que reclamando do preço.

Clientes em sala de cinema do shopping Eldorado, em São Paulo - Rubens Cavallari-19.jul.23/Folhapress

Neste ano, seja por conta da multiplicação de serviços de streaming —levando lançamentos direto para a sua casa—, da falta de dinheiro no bolso, ou mesmo pelos efeitos da greve de roteiristas e atores em Hollywood encerrada há pouco mais de 7 meses—, está difícil arrastar multidões para o escurinho do cinema.

Vamos para os números. No último fim de semana de abril de 2024, os cinemas brasileiros tiveram o pior desempenho desde agosto de 2022, atraindo 699 mil espectadores. Não é algo pontual. No acumulado do ano, as salas escuras receberam 19 milhões de pessoas, contra 24 milhões no mesmo período do ano passado. Queda de 20%, segundo dados do setor.

E sabe quais tipos de investimento sofrem com a "quebra de safra" dos filmes? Os fundos de investimento imobiliários (FIIs) de shopping. No IFIX —espécie de Ibovespa dos fundos imobiliários— temos cinco FIIs de shopping centers. Quatro deles viram o preço de suas cotas caírem de janeiro até agora. Os cinemas não são o único motivo, claro. Mas são considerados relevantes pelos gestores desse tipo de fundo.

Enquanto o IFIX subiu 2,35% no período. Os FIIs de shopping que compõem o índice tiveram quedas nas cotas que vão de 3,85% a 0,89%. A única alta entre eles (do fundo HSML11) foi de 1,06%.

Por mais que a variação no preço das cotas seja algo significativo e que precisa ser acompanhado de perto, quem vive o mundo dos fundos imobiliários sabe que o investimento nesse tipo de ativo busca principalmente retorno através dos dividendos.

Em resumo, dividendos são a divisão do lucro percebido pelo shopping no período. Aluguel de lojas e taxas sobre vendas são divididos entre os milhares de cotistas, "pingando" na conta mensalmente.

Enquanto o percentual de dividendos pagos, em relação ao preço atual das cotas (chamado dividend yield), dos cinco principais FIIs de shopping nos últimos 12 meses foi de 8,89% a 9,67%, a média de distribuição dos fundos que compõem o IFIX foi de 11,12%, de acordo com dados compilados pelo site ClubeFii.

Isso significa que os FIIs de shopping vão definhar enquanto o cinema não voar? Claro que não. Mas a correlação —sempre importante na hora de ajustar sua carteira de investimentos— está posta.

Conhecer os planos dos gestores dos fundos para fazer as receitas de seus empreendimentos dependerem menos da atração de público pelos lançamentos de filme —seja organizando megaeventos nos shoppings ou mudando o mix de lojas, para aumentar a circulação de pessoas— pode dar boas dicas para o seu próximo bom investimento na área.

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