Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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Maria Inês Dolci

Vamos pagar caro a fatura do aquecimento global

Mudança climática também afeta, gradativamente, padrões de consumo

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Os europeus sofreram por alguns dias, neste verão do hemisfério norte, com temperaturas equatoriais.

Como já há previsão de verões ainda mais quentes nos próximos anos, vão ter de investir mais em aparelhos de ar-condicionado e em ajustes nos imóveis e nas áreas públicas para ‘conviver melhor’ com o calorão. E nós teremos de nos preparar ainda mais para altas temperaturas, enchentes, secas etc.

Pagaremos caro, inclusive nas lojas, supermercados e restaurantes, a fatura do aquecimento global.

Enquanto os europeus derretiam, os brasileiros do Sudeste e do Sul enfrentavam este estranho inverno, que alterna dias bem frios com os outros com temperaturas na casa dos 30 graus centígrados.

A questão é: além de todas as consequências negativas para o planeta, o aquecimento global vai mudar, gradativamente, os padrões de consumo. Até o nosso sagrado cafezinho diário está ameaçado. O cultivo de café é um dos que não lidam bem com oscilações tão bruscas de temperatura. 

É evidente que, se for necessário restringir a área de plantio por mudanças climáticas, os preços subirão ainda mais.

Da mesma forma, a migração de combustíveis fósseis, derivados do petróleo, para outros que não causem tantos danos ambientais, tem custo. É possível amenizar isso com o uso de bikes e de transporte público, por exemplo.

Mas nem as frotas de ônibus das grandes cidades brasileiras usam combustível menos poluente, como o álcool, eletricidade e biodiesel. E ciclovias ainda são exceções, e não a norma, em nossas megacidades.

Há outras pistas do que vem por aí. Nos últimos anos, têm se multiplicado os imóveis bem pequenos, com menos de 50 metros quadrados. Essa tendência decorre dos insumos que impactam a construção, em um período de elevado desemprego, que resiste a todas as reformas e retóricas.

Não é preciso ser um especialista para entender que um apartamento pequeno, com pouco espaço para pessoas e móveis, tende a ser mais abafado. O ar-condicionado, portanto, é artigo de primeiríssima necessidade, mas que consome muita energia elétrica, cada vez mais cara. E que demanda a construção de hidrelétricas, na contramão da preservação ambiental.

Poderíamos, é claro, aproveitar a energia do sol, que brilha na maior parte do país por muitos e muitos dias. Mas não estamos entre os líderes mundiais no uso de energia solar. À nossa frente, há vários países de clima temperado, com muitos dias sombrios e chuvosos.

Nem todas as medidas são caríssimas, difíceis e exigem mudanças impactantes. Simplesmente pintar todos os telhados de branco, em um prazo de alguns anos, nos ajudaria a reduzir em um grau centígrado a temperatura média das cidades. Mas, que surpresa!, as autoridades também não estão fazendo nada neste sentido.

Mais uma vez, teremos de enfrentar grandes transformações sem qualquer planejamento. A fatura, contudo, será toda nossa.
 
PS – O dia virou noite, em São Paulo, nesta segunda-feira (19), devido a uma frente fria que encontrou ventos quentes. Que, por sua vez, carregaram material particulado de queimadas do Paraguai! Realmente, a noite está chegando mais cedo para o meio ambiente, e para nós, cidadãos brasileiros.

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