Não me reconheço nesses tempos estranhos em que temos vivido. Diante das imagens de uma Brasília sendo destruída por uma horda de vândalos, pensei: pau nos golpistas. Que índole democrata permanece inabalada depois de quatro anos num país contaminado pela raiva?
Se a Monja Coen perdeu a paciência por causa de futebol, imagine o que se passa nas entranhas do cidadão comum que vê o país sob a tentativa de golpe. Percebi o movimento sorrateiro do fascistinha que habita mesmo o íntimo de todos nós que acreditamos que a democracia é inegociável. Tão inegociável que me peguei gritando pau nos golpistas.
A falta de civilidade bolsonarista mergulhou o país numa crise de empatia coletiva. Se tem um bolsonarista triste, tô feliz. Se tem bolsonarista preso, tô mais feliz ainda. Se essa corja ensandecida acha que pode tomar o poder na marra, que não reclame de prisões e da qualidade da comida. Ou pede ditadura ou recorre aos direitos humanos.
Mas quando soltei um "pau nos golpistas" não pretendia ser literal. A intolerância com a intolerância não pode passar pela violência. Talvez um sprayzinho de pimenta, uma lufada de gás lacrimogêneo, uma enquadrada pela cavalaria. Entre um Di Cavalcanti esfaqueado e um patriota asfixiado por uma bomba de efeito moral, sinto muito.
Os vândalos apreendidos reclamam das más condições e compartilham suas "denúncias" por meio das redes, com acusações de que vivemos um regime de exceção, que idosos e crianças estão sendo maltratados. Mentira. A maioria dos golpistas presos é nascida nos anos 1960 e 1970, gente que engatinhava quando a ditadura pela qual eles lutam pela volta matava em seus porões.
Não se fazem mais ditaduras como antigamente. Na de agora, todos com celular fazendo o que eles mais gostam: espalhar notícia falsa. Que tudo siga o princípio do devido processo legal, mas só consigo pensar: cadeia nos golpistas! Namastê.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.