Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Marina Izidro

Paris se transforma para receber os Jogos Paralímpicos

Apesar da sensação de normalidade nas ruas, o interesse por ingressos aumentou

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"Queremos dar as boas-vindas aos atletas britânicos que estarão a bordo conosco." O anúncio no alto-falante na estação em Londres foi seguido de aplausos dos que aguardavam o próximo trem com destino a Paris. Eu era uma das passageiras a caminho da capital francesa, para a cobertura dos Jogos Paralímpicos.

Na chegada à Gare du Nord, o mascote oficial recepcionava quem saía dos vagões. O mesmo dos Jogos Olímpicos, mas a versão paralímpica tem uma prótese na perna direita similar à que atletas como Alan Fonteles ou Oscar Pistorius usavam.

Mascotes das Olimpíadas e das Paralimpíadas, na ponte Alexandre 3°, em Paris - Emmanuel Dunand/AFP

No dia seguinte, fiz algo que adoro quando estou viajando: aproveitei um treino de corrida como uma forma de passear pela cidade. Era perto das 8h e havia uma sensação quase total de volta ao normal, bem diferente de quando Paris recebeu os Jogos Olímpicos, semanas atrás.

Enquanto corria em direção ao rio Sena, o senhor da loja de suvenires arrumava os produtos na calçada; a moça de saia rodada florida e sandália alta amarela, na bicicleta, esperava o sinal abrir; homens de terno andavam para o trabalho; uma senhora tirava a bandeja de croissants quentinhos do forno na padaria.

Na banca de jornal, o destaque não era o esporte, e sim a morte do galã francês Alain Delon. Fotos do ator quando jovem estampavam as capas das revistas Le Point e Le Parisien.

Passei pela Place de La Concorde e, aí sim, vi as arquibancadas montadas para a cerimônia de abertura. Havia grades, policiais, mas nada comparado às interdições e necessidade de QR code para acessar o centro de Paris antes da abertura olímpica –apesar de eu ter falado alguns "pardons" por ter invadido o espaço dos ciclistas, já que as calçadas estavam bloqueadas.

Tudo isso é normal. O intervalo entre os dois eventos serve justamente para adaptar a cidade-sede, nas ruas e nas arenas. Paris vai manter o conceito de Jogos enxutos, sem construções. A arena do vôlei de praia, aos pés da Torre Eiffel, está sendo transformada para receber o futebol de cegos. O Grand Palais agora sedia a esgrima em cadeira de rodas. Roland Garros, o tênis em cadeira de rodas.

Operários transformam a quadra de vôlei de praia em quadra de futebol de salão para cegos - Abdul Saboor/Reuters

Estou curiosa para ver como fica o transporte público. A cidade não tem muita acessibilidade. As estações de metrô, por exemplo, têm longas escadarias e quase não vejo elevadores.

Os Jogos Paralímpicos vão de 28 de agosto a 8 de setembro, com mais de 4.000 atletas competindo em 22 esportes. O Brasil é uma potência. Em Tóquio, conquistou 72 medalhas, sendo 22 ouros.

Pessoalmente, acho um evento sensacional, e a performance dos atletas, impressionante.

Destaques desta edição incluem a tenista holandesa Diede de Groot, 23 títulos de grand slam, sendo cinco em Roland Garros; a americana Oksana Masters, que ganhou 17 medalhas ao longo de seis Jogos Paralímpicos de verão e de inverno e em quatro esportes diferentes; o time de futebol de cegos do Brasil –nosso país nunca perdeu o ouro desde que a modalidade entrou no programa paralímpico, em 2004.

O libanês Arz Zahreddine, 25, treina em Beirute para as Paralimpíadas - Amr Alfiky - 22.ago.24/Reuters

Organizadores lançaram uma campanha nas ruas chamada "O jogo não acabou", e os ingressos têm preços acessíveis, a partir de €15, cerca de R$ 90. Esta semana, eles comemoraram a venda de quase dois milhões de entradas, de um total de 2,8 milhões disponíveis. Mais de 90% dos compradores são franceses.

Aposto que muitos são do grupo que decidiu deixar Paris durante os Jogos Olímpicos e depois se arrependeu. Se eu fosse eles, não perderia essa chance.

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