Na manhã de terça-feira (9), horas depois de ver o personal trainer Arcrebiano, o Bil, chorar dentro da casa do BBB 21, sua mãe, Ana Araújo, publicou uma mensagem no Instagram pedindo aos fãs para votarem na eliminação de seu filho do programa.
O resultado da votação foi anunciado pelo apresentador Tiago Leifert no final da noite: com quase 65% dos votos, Bil deixou o reality.
Na noite anterior à eliminação, o participante havia dito à cantora Karol Conká, responsável por enredá-lo numa trama de mal-entendidos e fofocas: “Estou maluco já, eu não estou aguentando mais isso aqui. Eu tenho meu trabalho lá fora, eu era uma pessoa anônima, ninguém me conhecia e eu era muito feliz. Agora eu estou triste”.
O surpreendente pedido da mãe de Bil, após 16 dias de programa, não foi o único sinal explícito de descontentamento com esta edição do reality show.
Na manhã de domingo (7), o ator Lucas Penteado havia desistido de participar do Big Brother. Ele deixou a casa após uma série de desentendimentos e ofensas.
A gota d’água foi a recriminação quase generalizada que sofreu após, para surpresa geral, beijar o economista Gilberto durante uma festa. Lucas esperava ser acolhido pelos demais participantes ao se declarar bissexual, mas recebeu críticas de que o gesto seria uma jogada para angariar popularidade e abraçar uma pauta que não seria sua.
O primeiro beijo entre dois homens na história do programa foi, em vez de festejado, o estopim de um episódio de intolerância e violência psicológica contra o ator. Aliás, após o início do programa, as buscas pelo termo “tortura psicológica” dispararam no Google.
Num áudio que vazou horas depois da saída de Lucas, o diretor Boninho é ouvido tentando convencer o músico Projota a não desistir do programa também.
“A gente não sabia que ele [Lucas] não podia beber. A gente só descobriu depois que ele estava aí dentro. A gente não deveria nem ter deixado ele entrar. Até pra saúde mental dele”, disse o diretor.
Com oito marcas patrocinadoras principais, entre as quais uma cerveja, e outra dezena de anunciantes, o BBB 21 é uma das principais fontes de faturamento da Globo neste início de ano. O programa ficará no ar por cem dias, até 4 de maio, configurando a mais longa edição do Big Brother Brasil.
A direção está se esforçando para tratar como naturais as saídas de Lucas e Bil. Seriam casos comuns dentro da feroz competição pelo prêmio de R$ 1,5 milhão dado ao vencedor. Os responsáveis pelo baque mental sofrido pelos dois eliminados têm sido caracterizados —em chave de humor— como “vilões”.
Na segunda semana, o BBB 21 atingiu média de audiência em São Paulo de 27 pontos (cada ponto equivale a 205 mil indivíduos). A edição anterior só alcançou esta média na nona semana. No Twitter há mais menções ao programa do que à Covid-19.
A esta altura, vejo como infantis as tentativas de demonizar, sem procurar entender, um programa tão bem-sucedido, no ar desde 2002. Criticar o público, que ama odiar o BBB, também não me parece o mais sensato.
É igualmente errado culpar os participantes por beberem demais nas festas —o fornecimento de bebida alcoólica é uma das ferramentas de criação de enredos.
Ainda que a escolha dos participantes seja feita sempre buscando gerar conflitos, há algo de imprevisível no resultado. Há edições que causam mais incômodo e divertem menos do que outras —e às vezes, até, viram casos de polícia.
O enredo, de fato, muitas vezes se desenvolve por caminhos inesperados. Ainda é cedo para prever o destino do BBB 21, mas é indiscutível que o programa tem deixado, até agora, um gosto amargo na boca de quem o assiste. E isso não é bom para os negócios de quem o exibe.
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