Mauricio Stycer

Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.

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Livro de autora de 'Vai na Fé' defende que o futuro da TV está na telenovela

Roteirista defende que o autor de novela precisa ouvir o que o espectador deseja e se moldar a partir disso

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"Gostinho de novela." É assim que a Netflix carimba uma infinidade de produções que abraçam o melodrama. A etiqueta —ou "tag"— facilita a procura e traz como resultado um balaio que inclui novelas brasileiras, colombianas e mexicanas, dramas coreanos e séries americanas, entre outros.

Em abril, a maior plataforma de streaming do mundo anunciou que irá produzir o que chamou de um "melodrama brasileiro". Apesar de evitar usar a palavra novela, os fãs entenderam do que se trata quando souberam que a produção será protagonizada por Juliana Paes, estrela de novelas da Globo por duas décadas.

Esta semana, foi a vez de outra ex-atriz da Globo, Grazi Massafera, comunicar que será protagonista de uma nova versão da novela "Dona Beija", a ser produzida pela HBO Max, com 40 capítulos. Exibida na Manchete em 1986, com Maitê Proença, a trama original teve 89 capítulos e foi um dos maiores sucessos da história do canal de Adolpho Bloch.

A HBO hoje faz parte do conglomerado Warner Bros. Discovery, que há duas semanas estreou no Brasil um canal inteiramente dedicado a novelas. Chama-se TNT Novelas e está disponível em diferentes pacotes de TV por assinatura. O cardápio inicial do canal inclui a exibição em looping de meia dúzia de novelas turcas.

Outra empresa de peso no mercado, o Amazon Prime Video se associou ao SBT na produção da novela infantil "A Infância de Romeu e Julieta". Desde maio, o canal de Silvio Santos exibe um capítulo por dia e a plataforma lança cinco por semana, às sextas-feiras, do melodrama de Íris Abravanel baseado em Shakespeare.

Essa movimentação de grupos estrangeiros no Brasil não exige muito esforço de análise. É um reconhecimento de que a telenovela é o principal produto audiovisual consumido no país e que não há como conquistar fatias do mercado sem acenar aos fãs deste formato.

José Loreto e a dupla Maiara e Maraísa em cena de 'Vai na Fé', da Globo - Paulo Belote/Globo

A Globo, que por décadas reinou quase absoluta neste ramo, exibindo até cinco novelas por dia, é o modelo e, ao mesmo tempo, o alvo de todos que se aventuram no campo. Mais do que a concorrência externa, até a empresa brasileira se preocupa hoje em entender como manter o interesse do público por novelas diante das novidades da revolução digital.

Como mostra Rosane Svartman no recém-lançado "A Novela e o Futuro da Televisão Brasileira", da Cobogó, a Globo enfrenta vários desafios para se adaptar aos novos tempos e manter a sua hegemonia.

Um deles é a possibilidade que oferece ao espectador de alterar o tempo de narração e o próprio conteúdo de uma novela. Ao exibir gratuitamente em sua plataforma os capítulos que estão no ar, editados em trechos de alguns minutos, a Globo permite que o usuário ignore partes da trama e siga apenas os personagens e enredos que o interessam.

"O futuro da telenovela está nas mãos do telespectador e o futuro da TV brasileira está nas mãos da telenovela", profetiza. "Executivos que dirigem grandes emissoras e grupos de mídia precisam estar atentos ao formular as estratégias de deslizamento de conteúdo para plataformas digitais", alerta.

Autora de novelas muito bem-sucedidas, como "Totalmente Demais", "Bom Sucesso" e "Vai na Fé", as duas primeiras em parceria com Paulo Halm, Svartman dialoga com diferentes setores da indústria da TV em seu livro. Generosa, ela elenca várias lições, técnicas e dicas a jovens autores sobre a arte de escrever novelas.

Svartman defende a ideia de que o autor de novela precisa ouvir o que o espectador deseja e se moldar. Fã de pesquisas, ela defende que, diante de alguma rejeição, o autor deve modificar a história "para que conquiste de novo o público".

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