Mauricio Stycer

Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mauricio Stycer

Streamings vão se unir e planos com publicidade ficarão comuns em 2024

Assinante já se deu conta que o valor para usar quatro ou cinco boas plataformas se aproxima dos R$ 150 por mês

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Em 13 de fevereiro de 2013, a Netflix pôs à disposição dos seus assinantes os 13 episódios da temporada inicial de "House of Cards". Foi a primeira grande produção realizada por encomenda da plataforma de streaming.

Era uma oferta de conteúdo caprichado, mirando também um espectador mais rico, de classe A e B, com a vantagem que poderia ser vista no ritmo desejado por cada pessoa.

"House of Cards" é o marco inaugural de uma revolução que impactou a indústria. Estimulou o investimento em séries de qualidade, acelerou a criação de novas plataformas de streaming e mudou os hábitos de consumo de televisão.

Pouco mais de uma década depois, a euforia deu lugar a um quadro de preocupação com contas que não fecham, especulações sobre o fim ou a fusão de plataformas de streaming e uma nítida queda na qualidade da produção.

Num quadro de enorme concorrência, a meta das plataformas é atrair o maior número possível de assinantes com programas de apelo popular, reduzir os cancelamentos e buscar fontes adicionais de receitas.

Cena da série 'A Sete Palmos', da HBO - Divulgação

Em novembro de 2022, a Netflix lançou um plano de assinatura mais barato, incluindo a inserção de publicidade. Um ano depois, a empresa informou que já tem 15 milhões de assinantes neste tipo de plano. A iniciativa da líder de mercado foi a senha para que seus concorrentes tomassem atitude semelhante.

Há uma semana, num lance que sinaliza um esforço para reforçar a credibilidade e atrair anunciantes, a Netflix divulgou dados de audiência de cerca de 18 mil produções disponíveis em seu catálogo. A empresa prometeu tornar público relatórios com esses números a cada seis meses.

Publicidade mais medição de audiência. Com essas duas novidades, a Netflix ficou mais parecida com a televisão aberta. As razões para a mudança estão evidentemente ligadas à constatação de que o modelo de negócios baseado exclusivamente em assinaturas tem limites.

Num momento de instabilidade e dúvidas, dois termos serão mais ouvidos no ano que vem —"televisão conectada" (CTV) e "Fast TV". O primeiro diz respeito ao equipamento conectado à internet para assistir à televisão. As chamadas smart TVs, por exemplo, são televisões conectadas.

"Fast" é a sigla para "free ad-supported streaming TV", ou televisão gratuita mantida por publicidade. A plataforma Pluto TV é um exemplo bem-sucedido com mais de 200 canais. Fabricantes de aparelhos de TV também estão criando os seus próprios distribuidores de conteúdo, como a Samsung TV, que oferece inúmeros canais com programação linear.

O Globoplay também está acelerando iniciativas nesta direção. Lançou este ano os canais Globo Receitas, GE, de esportes, Malhação e Detetive do Prédio Azul, além do Viva 70 e Viva 80, com novelas das décadas de 1970 e 1980.

Entre as previsões da indústria para 2024, é tratado como certo o anúncio de fusões. A Paramount é a mais citada entre as empresas do ramo que devem ser vendidas. Disney e Star+ vão ser integrados na América Latina. Outros negócios são esperados. A tendência de unificação expressa a necessidade de reduzir custos e tornar viável alguns negócios.

O assinante já se deu conta que o valor para dispor de quatro ou cinco boas plataformas se aproxima, estimando por baixo, de R$ 150 por mês.

Outra consequência da consolidação do mercado deve ser a retomada do licenciamento de conteúdo entre plataformas de streaming. Neste ano, a HBO já negociou algumas séries do seu acervo, como "A Sete Palmos", com a Netflix.

Os negócios entre empresas podem levar, também, a mais vendas casadas de pacotes de assinatura que incluam diferentes plataformas de streaming. Em outras palavras, a velha televisão por assinatura com outro nome.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.