Os olhos estavam voltados nesta sexta (15) para as ruas das principais cidades italianas, à espera da reação pela entrada em vigor de mais uma medida inédita de combate à pandemia. Primeiro país afetado na Europa, primeiro ocidental a impor quarentena nacional, a Itália é também pioneira ao exigir o passaporte de imunidade a todos os trabalhadores. A regra passa a valer para empregados dos setores privado e público, autônomos e até taxistas e colaboradores domésticos.
Chamado de "green pass", o documento, que já vinha sendo exigido em restaurantes, eventos culturais e esportivos, feiras e congressos, para professores e universitários, é obtido após a vacina, a cura ou o teste negativo (neste caso, não gratuito).
Com 82% da população acima de 12 anos totalmente imunizada, entre os maiores índices da União Europeia, a obrigatoriedade do passaporte tem aprovação da maioria dos italianos, que têm visto a vida voltar ao normal a passos largos. A quarta onda não teve reflexo nos hospitais nem no processo de reabertura, hoje quase total. O número de novos casos continua em queda, em cerca de 18 mil semanais. A economia mantém a retomada, com estimativa de crescimento de 5,8% para este ano, reajustada para cima há poucos dias pelo FMI.
Uma minoria estridente, porém, ameaçava paralisar o país, a partir de portos, como o estratégico de Trieste, o que não aconteceu. Manifestantes saíram às ruas de grandes centros, mas, até o fim da tarde, sem as proporções do que ocorreu no sábado passado em Roma, quando integrantes de partidos neofascistas, cercados por negacionistas, invadiram e depredaram a sede do maior sindicato do país.
Um dia antes, o primeiro-ministro, Mario Draghi, notório comedido, havia dado uma de suas declarações mais otimistas: "Graças às vacinas, podemos ter esperança de que o fim da pandemia está finalmente próximo".
Agora é ver como agirão os cerca de 3,8 milhões de trabalhadores que ainda não se imunizaram.
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