Descrição de chapéu Eleições 2024 pernambuco

Daniel Coelho minimiza polarização no Recife e diz em sabatina Folha/UOL que prefeito mira trampolim

Ex-deputado é apoiado por governadora de Pernambuco; além dele, outros dois postulantes já participaram

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São Paulo e Curitiba

O pré-candidato à prefeitura do Recife Daniel Coelho (PSD) minimizou o impacto da polarização nacional na disputa local e criticou a discussão sobre "esquerda e direita" durante sabatina promovida por Folha e UOL nesta sexta-feira (5).

"Eleição não vai ser sobre Lula nem Bolsonaro. Vai ser sobre uma cidade que ostenta o título de segunda capital mais desigual. É sobre Maria, José e João, que não têm o que comer", disse ele, que está filiado ao PSD, sua quarta legenda, e já pertenceu ao PV, PSDB e Cidadania.

Seus principais adversários na disputa de outubro devem ser o atual prefeito, João Campos (PSB), apoiado por Lula (PT), e Gilson Machado (PL), aliado de Jair Bolsonaro (PL). Ambos já foram entrevistados pela Folha/UOL na série de sabatinas.

Daniel é apoiado pela governadora Raquel Lyra (PSDB), de quem foi secretário de Turismo e Lazer no governo estadual de janeiro de 2023 até o início de junho de 2024. Ele foi deputado federal por dois mandatos, de 2015 a 2023.

Na sabatina desta sexta, Daniel mirou especialmente o atual mandatário. "Campos não teve coragem de dizer [na sabatina] que era candidato a governador. É muito triste ver alguém usando a prefeitura como trampolim político. Já viajando pelo interior fazendo articulação com prefeitos, fazendo um expediente coronelista", criticou.

O pré-candidato também disse que "talvez seja do centro", mas defende que a questão "não é importante". "Tem muita gente que diz que estou na esquerda e tem muita gente que diz que estou na direita. Mas desde o início estou à frente disso, olhando para o futuro", afirmou.

"Mas não me incomodo se me colocam mais à esquerda por causa da minha preocupação social e ambiental e não me incomodo quando me colocam mais à direita porque concordo com a redução da máquina", defendeu.

Também acrescentou que "não sou afeto aos extremos, à agressividade, à briga pela briga". "Quem está com fome hoje quer comer. A fome não é de direita nem de esquerda", afirmou.

O político, que já disputou outras duas eleições à prefeitura, em 2012 e 2016, também comentou a pesquisa Datafolha, divulgada durante a sabatina, e na qual aparece em segundo lugar, em empate técnico com o pré-candidato do PL.

Campos aparece em primeiro lugar, com 75% das intenções de voto. "Isso mostra que vai ser duro, mas vai ter disputa. Vamos estar no segundo turno", avaliou Daniel.

Ele também minimizou o apoio de Lula a Campos, ao ser lembrado que seu partido, o PSD, integra a base do governo petista. "Não me cabe ser opositor de presidente da República. Fui secretário do Turismo há pouco tempo e construí parcerias importantes com o governo federal", disse.

"O ambiente para fazer discussão política e ideológica é no Parlamento. No Executivo a gente tem que construir política pública", continuou.

Sobre as propostas para Recife, ele antecipou que, se eleito, vai implementar a tarifa zero no transporte público da cidade. "Vamos ser a primeira capital do país a implementar a tarifa zero", afirmou.

Questionado sobre recursos para colocar o plano em prática, o pré-candidato afirma que seria necessário um investimento de R$ 150 milhões por ano, o que representaria "pouco mais de 2% do orçamento municipal".

"A prioridade hoje [da gestão Campos] é a autopromoção. Nós vamos colocar o sistema de ônibus como prioridade. A cidade é realmente apertada. Não dá para todo mundo andar com seu carro", disse.

O pré-candidato cita ainda o investimento do governo estadual na área do transporte e afirma que Campos está "lavando a mão" em relação ao problema.

Daniel reforçou ainda a necessidade de melhorar o acolhimento à população de rua e criticou medidas da atual gestão. "Se agravou muito a questão e eu diria que por causa da ausência de política habitacional, principalmente. Os números da política habitacional em Recife são ridículos. Esse é um dos temas mais importantes", disse.

Ele defendeu políticas públicas voltadas ao enfrentamento do racismo estrutural e se comprometeu a buscar paridade de gênero nas posições de comando.

"Há um racismo estrutural na cidade que se reflete na saúde pública. É inaceitável que alguém, por ser pardo ou negro, tenha mais chance de morrer na sua infância, nos seus primeiros dias de vida", afirmou.

O pré-candidato também foi questionado sobre temas em debate no país. Ele se posicionou a favor de armas para a Guarda Municipal e de uso de câmeras em uniformes. Disse que é contra a PEC das Praias e contra a legalização da maconha, mas a favor da cannabis medicinal como medicamento.

"É um grande atraso que a gente ainda tenha essa debate no Brasil. São milhares e milhares de mães de autistas ou de pessoas com doenças crônicas que precisam do medicamento. Sou contra drogas recreativas de uma forma geral, mas a favor da ciência no que se refere à saúde", destacou.

O ex-deputado Daniel Coelho, pré-candidato à Prefeitura do Recife - Luis Macedo - 17.dez.19/Câmara dos Deputados

A sabatina foi conduzida por Diego Sarza, com participação dos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL, e José Matheus Santos, correspondente da Folha na capital pernambucana. Na terça-feira (2), foi a vez de Gilson Machado (PL). O atual prefeito João Campos (PSB) participou na quinta-feira (4).

A série de sabatinas começou por Belo Horizonte, há duas semanas. Nas últimas semanas, os pré-candidatos de Salvador e Porto Alegre foram entrevistados. Ainda haverá outras com concorrentes de mais 14 cidades.

Além disso, Folha e UOL promoverão debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.

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