Meu amor,

No início deste pesadelo, tive medo de que a convivência intensa destruísse o nosso casamento. As notícias do mundo todo mostram que o número de divórcios aumentou durante a pandemia. Mas logo conseguimos organizar a nossa vida dentro de casa e tudo tem funcionado muito bem. A sala virou seu escritório, seu lugar de ver televisão e de falar com os netinhos, com a família e amigos. Eu, que preciso de mais quietude e silêncio, me isolei no meu escritório, onde leio, escrevo, trabalho e converso com os meus queridos nonagenários.

Você, que nunca havia cozinhado antes, assumiu espontaneamente as tarefas culinárias. Depois de queimar algumas vezes o arroz e o feijão, hoje faz tudo de um jeito muito gostoso.

Não consigo imaginar um parceiro melhor para ter ao meu lado nesse momento de horror e sofrimento. Quando estou em pânico, você me acalma. Quando é a sua vez de ficar mais vulnerável, eu consigo te ajudar a ter força e coragem para enfrentar o desespero. Estamos cuidando com muito carinho e compreensão um do outro. Em três meses de isolamento não brigamos uma só vez. Respeitamos o tempo e o espaço de cada um e sabemos quais são as prioridades para manter a nossa saúde física e mental, e para cuidar de quem amamos.

Fico emocionada ao constatar que estamos conseguindo amadurecer no meio dessa tragédia. E aprendendo muitas coisas que serão importantes para o resto das nossas vidas. Nunca senti tanto amor, nunca me senti tão amada em toda a minha existência.

Você sempre diz que sou o melhor presente que ganhou de Deus, que sou a mulher com quem você sempre sonhou para compartilhar a sua vida. Você também é o melhor companheiro que eu poderia desejar ter ao meu lado nesse momento e sempre.

Muito obrigada por cuidar de mim, por cuidar de nós.

Sexta é o Dia dos Namorados e só quero dizer o que eu te digo todos os dias: “Eu te amo”.