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Descrição de chapéu Coronavírus

Sociedade de Pediatria diz que população não deve temer a vacina, mas a Covid

Manifestação ocorre após Bolsonaro atacar a imunização e sugerir haver 'tarados pela vacina'

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A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou nesta quinta-feira (6) uma nota de repúdio em que reitera a segurança da vacinação contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos e diz que a população não deve temer o imunizante —mas, sim, a doença que ele busca prevenir.

Criança recebe um band-aid após tomar vacina da Pfizer contra a Covid-19 em Colônia, na Alemanha - Thilo Schmuelgen - 18.dez.2021/Reuters

A carta, segundo a entidade, foi feita em resposta a "comentários de autoridades sobre possíveis riscos decorrentes da imunização". A manifestação ocorreu horas após o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacar a vacinação infantil e pedir que pais não se deixem levar pelo que chamou de propaganda.

"Até o momento, os estudos realizados apontam a eficácia e a segurança da vacina aplicada na população pediátrica, a qual é fundamental no esforço para reduzir as formas graves da Covid-19", diz a SBP.

"A vacina previne a morte, a dor, sofrimento, emergências e internação em todas as faixas etárias. Negar este benefício às crianças sem evidências científicas sólidas, bem como desestimular a adesão dos pais e dos responsáveis à imunização dos seus filhos, é um ato lamentável e irresponsável, que, infelizmente, pode custar vidas", segue.

A entidade ainda destaca que os indicadores de mortes por Covid-19 entre crianças brasileiras "são mais expressivos do que em outras nações" e que a doença pode gerar complicações como a chamada Covid longa e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica.

O Ministério da Saúde anunciou na quarta-feira (5) que crianças de 5 a 11 anos receberão a vacina da Pfizer para a Covid-19 sem a necessidade de apresentação de prescrição médica.

A imunização começará por menores com comorbidades, deficiência permanente, indígenas e quilombolas. Em seguida, a pasta recomenda que sejam vacinadas crianças que vivem com pessoas do considerado grupo de risco.

Nesta quinta, porém, Bolsonaro repetiu que não vacinará sua filha Laura, de 11 anos, e sugeriu haver interesse da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e de "tarados pela vacina" na aprovação do imunizante.

Os técnicos da pasta vêm recebendo ameaças, investigadas hoje pela Polícia Federal, desde que aprovaram o uso da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos em dezembro do ano passado. O presidente já chegou a dizer que divulgaria o nome desses técnicos, o que, até o momento, não ocorreu.

Especialistas apontam que a vacinação para crianças contra a Covid-19 é eficaz e segura, e que seus benefícios superam eventuais riscos.

Pais e crianças em sala de espera
Movimento no Hospital Infantil Cândido Fontoura, em São Paulo, nesta quinta-feira (6) - Rubens Cavallari/Folhapress

De acordo com dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), desde o começo da pandemia até 6 de dezembro, foram registradas 301 mortes de crianças entre 5 e 11 anos por Covid-19 no país.

Ainda que o número possa ser inferior se comparado a outras faixas etárias, especialistas afirmam ser essencial imunizar crianças, já que elas podem também transmitir a doença para pessoas que podem desenvolver casos mais graves.

Leia, abaixo, a nota de repúdio da Sociedade Brasileira de Pediatria:

"O Brasil deve temer a doença, nunca o remédio!

Diante de comentários de autoridades sobre possíveis riscos decorrentes da imunização de crianças de cinco a 11 anos contra a covid-19, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) vem a público reiterar aos pais e responsáveis os seguintes pontos:

1) A população não deve temer a vacina, mas, sim, a doença que ela busca prevenir, bem como suas complicações, como a covid longa e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica, manifestações que consolidam a necessidade da imunização do público infantil.

2) O acesso das crianças à vacina contra a covid-19 é um direito que deve ser assegurado, o qual conta com o apoio da maioria dos brasileiros, conforme expresso em consulta pública realizada sobre o tema pelo Ministério da Saúde.

3) A vacinação desse público é estratégia importante para reduzir o número de mortes por conta da covid-19 nessa faixa etária, no Brasil, cujos indicadores são mais expressivos do que em outras nações.

4) Até o momento, os estudos realizados apontam a eficácia e a segurança da vacina aplicada na população pediátrica, a qual é fundamental no esforço para reduzir as formas graves da covid-19.

5) A vacina previne a morte, a dor, sofrimento, emergências e internação em todas as faixas etárias. Negar este benefício às crianças sem evidências científicas sólidas, bem como desestimular a adesão dos pais e dos responsáveis à imunização dos seus filhos, é um ato lamentável e irresponsável, que, infelizmente, pode custar vidas.

Rio de Janeiro, 6 de janeiro de 2022.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA"

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