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Médicos do Emílio Ribas, em SP, vão paralisar atividades nesta quinta (28)

Profissionais pedem novas contratações e rechaçam a terceirização de setores do hospital

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Médicos residentes do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, referência nacional no tratamento de doenças infecciosas, vão paralisar seus atendimentos nesta quinta-feira (28). O grupo representa profissionais de diversas áreas que pedem novas contratações e rechaçam a terceirização de novos setores do hospital, localizado na capital paulista.

Cerca de 60 residentes devem participar da paralisação. Serviços emergenciais e críticos, como a unidade de terapia intensiva (UTI) e o pronto-socorro, continuarão funcionamento normalmente.

UTI do Emílio Ribas em 2020, quando o hospital passou a receber pacientes da Covid-19 - Ronny Santos - 5.jun.2020/Folhapress

De acordo com a Associação dos Médicos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (Amiir), o Governo de São Paulo firmou, em dezembro do ano passado, o compromisso de realizar um concurso público para contratar 206 novos profissionais de diferentes áreas. Mas apenas 42 vagas para médicos foram abertas até o momento.

"Saiu o edital para médicos, e o de enfermagem, que é a profissão mais crítica, que a gente mais precisa, não saiu", afirma o presidente da Amiir, Eder Gatti. "Em ano de eleição, corremos o risco de fazer um concurso e não ter tempo de chamar pessoas por causa do impedimento [do período eleitoral]."

Neste ano, deve ser finalizada no Emílio Ribas uma obra que se arrasta desde 2014 —o que aumentará o número de leitos e, consequentemente, a demanda por profissionais.

Ainda segundo a associação, houve um alerta por parte da diretoria do instituto de que leitos de enfermaria poderiam ser terceirizados. Atualmente, parte da UTI do Emílio Ribas já é gerida por uma organização social de saúde (OS).

"A qualidade assistencial caiu bastante", afirma Gatti. "Isso ocorre não por conta dos contratos ou da OS, mas do modelo de terceirização que o governo do estado prega. Ele fatia o hospital para entidades privadas, criando pequenos serviços que não dialogam com a estrutura inteira do instituto. Isso prejudica a dinâmica de funcionamento e traz resultados ruins para a assistência que é prestada", continua.

"O Governo de São Paulo faz o que faz por custo, não por qualidade", diz Gatti, que afirma temer um "desmonte de serviços de excelência" prestados por "um dos principais polos formadores de infectologistas do Brasil".

A paralisação desta quinta contará com um ato em frente ao instituto, às 11h, e com uma caminhada até a Secretaria da Saúde de São Paulo. Os médicos esperam poder apresentar suas queixas para o chefe da pasta, o secretário Jean Gorinchteyn.

Em nota enviada nesta quinta, a Secretaria da Saúde de São Paulo afirma que a afirmação de que há falta de profissionais no Instituto de Infectologia Emílio Ribas não é verdadeira e causa estranheza.

"O Governo de SP autorizou a realização de concursos públicos e está em andamento a contratação de 206 profissionais, entre médicos, técnicos e enfermeiros para a unidade", diz.

"Estão sendo contratados 47 profissionais de concursos remanescentes e outras 42 estão com edital aberto com inscrições até amanhã [sexta-feira] (29). Até maio serão publicados outros editais para a contratação de 117 profissionais médicos e de enfermagem", segue.

A pasta ainda afirma que o atendimento no hospital segue normalizado e que não há prejuízo para a população por causa da paralisação.

"Importante salientar que a Secretaria de Estado da Saúde continuará assegurando os serviços, estruturas e recursos humanos para garantir assistência à população, já reconhecidos por sua excelência no Emílio Ribas, prezando pelas melhores práticas de gestão e de uso dos recursos públicos", finaliza a secretaria.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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