Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu Eleições 2022

Neta de Marighella lançará seu nome para a Câmara dos Deputados

Maria Marighella, que diz querer redemocratizar o país, relembra homenagem de Bolsonaro a Ustra em 2016: 'Chorei um choro muito convulso'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A vereadora de Salvador Maria Marighella (PT), neta do guerrilheiro comunista Carlos Marighella, disputará a Câmara dos Deputados pela Bahia em outubro deste ano.

À coluna, a parlamentar diz querer participar do que chama de processo de redemocratização do Brasil. "Eu integro esse bonde da frente por democracia e por direitos", diz, referindo-se a candidaturas da esquerda no pleito de 2022.

A vereadora de Salvador e pré-candidata a deputada federal Maria Marighella - Felipe Iruatã/Divulgação

O lançamento de sua pré-candidatura é apoiado por um manifesto que reúne mais de 110 assinaturas e nomes como os ex-ministros Juca Ferreira, Nilma Lino Gomes e Paulo Vannuchi, as deputadas do PSOL Áurea Carolina (MG) e Talíria Petrone (RJ), o ex-deputado Jean Wyllys e artistas como Anelis Assumpção, Wagner Moura, Russo Passapusso e Bela Gil.

"O próximo ciclo que está nascendo demanda que tenhamos pessoas capazes de imaginar outras saídas, operando nas e através das brechas. Maria Marighella é uma dessas pessoas", diz o documento.

Eleita com 4.837 votos para a Câmara Municipal da capital baiana em 2020, Maria é atriz de formação e já foi coordenadora de teatro na Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), durante o governo Jaques Wagner (PT), e integrou a Funarte (Fundação Nacional de Artes) no governo Dilma Rousseff (PT).

"Encontro na cultura um espaço muito meu de ação politica e de reivindicação", afirma. "Num mundo e numa casa em que todos os problemas eram coletivos e sociais, o teatro era o meu mundo particular", conta.

Maria Marighella se define como uma ativista da cultura e diz que, no Congresso, poderia trabalhar pelo setor em âmbito nacional e promover uma revisão do que ocorreu nos últimos anos sob o governo de Jair Bolsonaro (PL).

"Foram muitos os ataques às leis de renúncia fiscal. Precisamos tratar de marcos legais e iniciar um processo de fiscalização do que aconteceu com a política audiovisual", exemplifica.

A vereadora ainda afirma que não entende sua pré-candidatura como uma decisão, mas, sim, como uma convocação para enfrentar "um campo que está aí".

Para além da derrota do atual presidente da República nas urnas, ela diz acreditar na recriação do Ministério da Cultura —ou "das Culturas", como chama— e na punição daqueles que cometeram crimes durante a ditadura militar brasileira.

"A presença de Bolsonaro no poder é a institucionalização do golpe de 2016 [impeachment de Dilma Rousseff] e a confirmação de que houve uma história não contada no Brasil", afirma Maria Marighella.

No dia da votação na Câmara que autorizou a abertura do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, o então deputado Jair Bolsonaro dedicou seu voto ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos principais símbolos da repressão da ditadura militar.

Dilma foi presa e torturada durante o regime.

"Aquela cena do impeachment, do 17 abril de 2016, para, mim é um marco da história. Eu vi o então deputado Jair Bolsonaro dedicar o voto dele a Ustra, o torturador da presidenta, e também o torturador que foi responsável pela prisão do meu pai", relembra Maria Marighella. "Chorei um choro muito convulso quando aquele homem saiu sem nenhum tipo de punição."

Leia, abaixo, o manifesto pela candidatura de Maria Marighella:

"UMA Marighella na Câmara Federal

Nós, artistas, ativistas, trabalhadoras e trabalhadores da cultura, movimentos de mulheres, por memória, verdade e justiça, da cidade e do campo, das juventudes, do direito à cidade, negros, indígenas, LGBTQIAP+ anunciamos nosso apoio à pré-candidatura de MARIA MARIGHELLA a DEPUTADA FEDERAL. Desde o golpe cometido contra a presidenta Dilma Rousseff assistimos a uma série de ataques à democracia, às minorias, aos direitos do povo. Naquele 17 de abril de 2016, vimos serem ultrapassados quaisquer limites da convivência democrática, quando um deputado - posteriormente eleito presidente da República - dedicou o seu voto na admissibilidade do impeachment a um torturador da ditadura civil-militar brasileira. Sem qualquer resposta das instituições.

O golpe de 2016 foi jurídico, econômico, midiático, parlamentar. E MISÓGINO, quando tiraram do cargo a primeira PRESIDENTA do Brasil, utilizando toda a sorte de violências que recorrentemente são utilizadas contra as mulheres que buscam disputar e ocupar os espaços institucionais da política. Assistimos, desde lá, a um conjunto de retrocessos nas políticas culturais, na transferência de renda, no combate à fome e às desigualdades. A crise instalada pela ruptura democrática e pelo avanço das políticas ultraliberais demanda que seja possível imaginar outras perguntas e respostas que não foram dadas previamente.

O próximo ciclo que está nascendo demanda que tenhamos pessoas capazes de imaginar outras saídas, operando nas e através das brechas. Maria Marighella é uma dessas pessoas. Ela tem desempenhado um papel fundamental na Câmara Municipal de Salvador. Sua mandata, em coletivA, criativa e comprometida com as pautas centrais da capital baiana - a CULTURA no centro do projeto de cidade, o compromisso com as MULHERES, com a MEMÓRIA, a VERDADE e a JUSTIÇA - a habilita a novos desafios.

Junto ao presidente Lula, acreditamos que, na Câmara Federal, Maria Marighella será uma voz incansável contra o autoritarismo, em defesa da cultura no centro do nosso projeto de sociedade, reconhecendo as potências que se mostram vivas através de brechas feitas cotidianamente por nosso povo. Alguém que apresentará políticas pelas infâncias, para que o Estado partilhe com mães e responsáveis os cuidados com suas crianças e adolescentes. Que responderá às lutas das mulheres que exigem respostas às questões concretas que apresentam, assim como o respeito às suas múltiplas subjetividades.

Uma presença em denúncia do genocídio da juventude negra, que se expressa, na Bahia, em episódios como as chacinas do Cabula e da Gamboa, nas disputas diárias contra as consequências da escravidão que ainda se mostram no racismo que atinge negras e negros. Em reconhecimento das vidas LGBTQIAP+ e na inclusão, participação e acessibilidade de pessoas com deficiência. Atenta à emergência climática, entendemos que Maria Marighella terá entre suas pautas a discussão de um modelo de sociedade não submisso ao capital e à privatização e exaustão dos recursos naturais.

Apoiamos Maria Marighella como deputada federal por enxergar nela a capacidade de ajudar a ANUNCIAR as políticas que nos farão superar as marcas do autoritarismo, do patrimonialismo, do patriarcado, do racismo e da colonização. Uma voz pela REFUNDAÇÃO DO BRASIL!"

TERCEIRO SINAL

A atriz Mel Lisboa compareceu à estreia da peça "Henrique IV", no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, na semana passada. Com direção de Gabriel Villela e tradução de Claudio Fontana, o espetáculo é protagonizado por Chico Carvalho. O ator Malvino Salvador também esteve lá.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.