O grupo Prerrogativas, formado por juristas e advogados que apoiam o ex-presidente Lula (PT), diz acompanhar com preocupação as pressões de bolsonaristas contra a XP Investimentos.
Como revelou a coluna nesta quarta-feira (8), a corretora chegou a cancelar a divulgação de uma pesquisa que apresentava o petista na frente do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na avaliação do Prerrogativas, os ataques do chefe do Executivo contra o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal também passaram a afetar as pesquisas de opinião do eleitorado.
"O grupo Prerrogativas, que acredita na segurança das urnas eletrônicas e confia na imparcialidade no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] na condução do processo eleitoral, acompanha com preocupação as pressões contra a corretora XP Investimentos", afirma em nota.
"Diante da gravidade do fato, o grupo Prerrogativas continuará atuando, como sempre fez, em defesa do Estado democrático de Direito, pela garantia de eleições livres e sem interferência do poder econômico e, tampouco, pela manipulação da vontade do eleitorado e das pesquisas de opinião", segue.
A pesquisa do Instituto Ipespe que seria divulgada pela XP Investimentos na próxima sexta (10) chegou a ser registrada no Tribunal Superior Eleitoral no sábado (4), sob o número BR-06295/2022.
Nesta quarta (8), porém, ela foi retirada do site por determinação da própria corretora.
A coluna apurou que a pressão sobre a XP já vinha crescendo paulatinamente e explodiu na semana passada, quando o instituto mostrou que 35% dos eleitores consideram que a honestidade é um atributo de Lula, contra 30% que dizem o mesmo sobre Bolsonaro.
Bolsonaristas passaram a atacar a corretora nas redes sociais —um dos mais notórios deles foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que ironizou os resultados em seu perfil no Telegram. "O mesmo instituto deu Lula com 45% e Bolsonaro com 34% kkkkk", escreveu Flávio.
Ministros de Bolsonaro também já telefonaram para a XP para reclamar dos resultados —que coincidem com os de outros institutos, dentro da margem de erro.
Na esteira dos ataques, clientes, em especial os ligados ao agronegócio, passaram a fechar contas e a retirar investimentos da corretora, segundo apurou a coluna.
Com a intensidade dos ataques, a XP acabou tomando a decisão radical de simplesmente cancelar a divulgação de seus resultados. Procurada, a corretora afirmou que contrata outros institutos de pesquisa e que seguirá divulgando dados.
Leia, abaixo, a íntegra da nota do grupo Prerrogativas:
"Os seguidos ataques do atual presidente contra o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal, que inquietam os democratas de todo o País, estenderam-se agora às pesquisas de opinião do eleitorado —todas elas apontando em sequência a eventual vitória do presidente Lula no dia 02 de outubro.
Inconformado com o repúdio a seu governo e à condenação de sua administração, responsável pelas milhares de mortes pela Covid-19, pela carestia, pelo desemprego, pela fome que assola 33 milhões de pessoas, o presidente da República quer impedir que a reprovação apareça, eliminando as sondagens dos institutos de pesquisa, ou, pelo menos, interferindo para, quem sabe, colher resultados mais auspiciosos.
O grupo Prerrogativas, que acredita na segurança das urnas eletrônicas e confia na imparcialidade no TSE na condução do processo eleitoral, acompanha com preocupação as pressões contra a corretora XP Investimentos, para impedir a divulgação da pesquisa do Instituto Ipespe, que vinha sendo publicada semanalmente.
Assediada por bolsonaristas do Congresso e por apoiadores ligados ao agronegócio, a XP acabou cedendo às pressões e retirou a pesquisa do site. A gota dágua foi a opinião, na sondagem da semana passada, segundo a qual 35% dos entrevistados consideravam a honestidade um atributo de Lula contra 30% do atual presidente.
Diante da gravidade do fato, o grupo Prerrogativas continuará atuando, como sempre fez, em defesa do Estado Democrático de Direito, pela garantia de eleições livres e sem interferência do poder econômico e, tampouco, pela manipulação da vontade do eleitorado e das pesquisas de opinião."
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