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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Eleições 2022

Coligação de Lula vai pedir a prorrogação das eleições após operações da PRF

'O que aconteceu nesse dia foi criminoso', diz Gleisi Hoffmann

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A coligação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai pedir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a prorrogação do horário de votação nos mais de 500 locais que registraram operações coordenadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) neste domingo (30). A maioria delas ocorreu na região Nordeste.

Para petistas, as blitze, além de desrespeitar decisão da corte eleitoral, teriam prejudicado a candidatura do ex-presidente.

O ex-presidente Lula durante entrevista coletiva na escola onde vota, em São Bernardo do Campo (SP) - Carolina Daffara - 30.out.2022/Folhapress

A informação foi confirmada à coluna pela presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). "Essa operação da PRF não foi normal, concentrada no Nordeste. Só lá tem ônibus ou carros com problemas no pneu ou irregularidades? Por que fazer isso no domingo das eleições?", afirma.

"Os ônibus eram do serviço público ou de empresas que atuam sempre. Só se preocuparam hoje? O que aconteceu nesse dia foi criminoso. O povo do Nordeste precisa ter o direito de votar livremente", segue.

Como revelou a Folha, números internos da PRF mostram que o órgão já realizou 514 ações de fiscalização contra ônibus até as 12h35 deste domingo.

O volume de abordagens no segundo turno já é 70% maior do que o que foi registrado na primeira etapa do pleito, no dia 2 de outubro —não é possível estimar se elas ocorrem antes ou depois da votação desses passageiros.

Dados da Polícia Rodoviária Federal obtidos pela Folha ainda mostram que houve ao menos 82 abordagens somente a ônibus em Alagoas durante a realização do processo eleitoral.

O diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, esteve no prédio do Tribunal Superior Eleitoral no início desta tarde. Em reunião com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, Vasques se comprometeu a interromper todas as abordagens em ônibus e a obedecer a decisão do ministro.

Na ação apresentada pelo PT que pede a postergação do horário da eleição, é destacado que as "operações policiais atípicas (nunca antes vistas do dia das eleições) provocaram enorme retardo no deslocamento do eleitorado, sobretudo na região nordeste."

O documento destaca também essa região apoia, em sua grande maioria, o candidato petista, "o que causa maior espanto com a realização dessas operações justamente naqueles estados".

"Em verdade, estamos diante de flagrante uso político-eleitoral das forças de segurança públicas em detrimento de uma candidatura e, por conseguinte, a favor da candidatura do atual presidente da República, Jair Bolsonaro", afirma trecho da ação.

O documento salienta os esforços do presidente do TSE, o ministro Alexandre Moraes, para contornar a situação. "Intimou o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal para que se manifestasse com urgência, despachou decisão monocrática que proibia a realização de tais operações e, por fim, esteve em encontro pessoal com mencionado diretor-geral para encontrar uma solução para essa questão", diz a ação.

"Contudo, é imperioso destacar que, sem prejuízo do êxito dessas medidas, em razão do tempo que levaram para se concretizar, já houve prejuízo ao eleitorado em razão do atraso e desestímulo ao comparecimento decorrente da simples notícia que a polícia estava dificultando o acesso às sessões eleitorais a partir de operações nas rodovias", prossegue o texto.

"Como forma de manter a lisura do pleito, resguardar a vontade popular e garantir que todo e qualquer eleitor que queira votar possa comparecer sem qualquer receio de ser alvo de operações policiais, faz-se necessária a prorrogação das eleições em todos os locais onde ocorreram as centenas de operações policiais da Polícia Rodoviária Federal, sobretudo na região nordeste, por mais duas horas", pede a ação.

Ao se pronunciar sobre as operações, Moraes afirmou que nenhum eleitor foi impedido de votar por causa de operações feitas pela PRF. E disse que elas serão investigadas.

"O prejuízo que causou aos eleitores, eventualmente, foi o atraso. Mas volto a dizer, nenhum ônibus voltou à origem. Todos votaram", disse o ministro.

No sábado (29), o presidente do TSE proibiu a realização de qualquer operação pela Polícia Rodoviária Federal contra veículos utilizados no transporte público de eleitores. O ministro também proibiu da divulgação do resultado de operações da Polícia Federal relacionadas às eleições.

O magistrado afirmou em sua decisão que o descumprimento da decisão poderá acarretar a responsabilização criminal dos diretores das corporações por desobediência e crime eleitoral.

Como mostrou a coluna, mais cedo a coligação Brasil da Esperança, integrada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e formada por PT, PC do B e Partido Verde, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a prisão imediata de Vasques por supostamente coordenar operações para dificultar o acesso de eleitores aos seus locais de votação.

Vasques chegou a publicar nas redes sociais uma imagem pedindo voto no presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele postou uma foto da bandeira do Brasil com as frases "vote 22. Bolsonaro presidente". Após repercussão, a publicação foi apagada neste domingo.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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