Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Eleições 2022

Michelle e Damares devem visitar venezuelanas após fala de Bolsonaro de que 'pintou um clima' com adolescentes

Campanha tenta marcar encontro às pressas; ideia é minimizar o impacto negativo das declarações do presidente da República

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A primeira-dama Michelle Bolsonaro e a ex-ministra e senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) devem visitar meninas venezuelanas que vivem em São Sebastião, na periferia do Distrito Federal, citadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em entrevista a um podcast. A ideia é minimizar o impacto negativo das declarações do mandatário sobre elas.

Sua campanha tenta agendar o encontro o mais rápido possível.

Ao falar sobre um encontro com refugiadas ocorrido em abril do ano passado, o presidente da República afirmou que viu "menininhas" bonitas "de 14, 15 anos" e que "pintou um clima".

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A ex-ministra Damares Alves e a primeira-dama Michelle Bolsonaro durante convenção do Republicanos, em Brasília - Pedro Ladeira - 5.ago.2022/Folhapress

"Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado, numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei, 'posso entrar na tua casa?' Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, [num] sábado de manhã, se arrumando —todas venezuelanas", disse ele.

"E eu pergunto: meninas bonitinhas, 14, 15 anos se arrumando num sábado para quê? Ganhar a vida. Você quer isso para a tua filha, que está nos ouvindo aqui agora? E como chegou neste ponto? Escolhas erradas", afirmou na entrevista.

A campanha do presidente confirmou à coluna que Michelle e Damares devem ir ao local após a repercussão negativa das falas do chefe do Executivo.

Após a coluna antecipar a informação sobre a visita, o deputado distrital Fábio Felix (PT-DF) publicou em suas redes sociais que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e uma equipe de apoio da Presidência da República estariam fazendo uma varredura em uma instituição de acolhimento de venezuelanos em São Sebastião.

O procedimento teria como objetivo preparar o local para receber Michelle Bolsonaro.

"A nossa comissão está presente no lugar e diversos jornalistas também. As adolescentes citadas na entrevista de Bolsonaro não estão no local mas acreditamos que elas precisem da máxima proteção. Temos todos os elementos para pedir uma ação protetiva do sistema de Justiça", escreveu o parlamentar.

O depoimento de Bolsonaro viralizou nas redes sociais e virou munição de adversários do presidente. No sábado (15), a expressão "Bolsonaro pedófilo" chegou a ser a mais usada no Twitter.

Neste domingo (16), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que o caso seja investigado. "O caso é gravíssimo e necessita de explicações do presidente da República. Necessita que o presidente da República explique e responda o que quis dizer com 'pintou um clima'", afirmou o parlamentar à coluna.

Randolfe ainda questiona por que não foram tomadas providências, uma vez que o mandatário insinua que se tratava de um caso de exploração sexual infantil.

Como mostrou o Painel, a campanha de Jair Bolsonaro acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que seu adversário no segundo turno, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seja proibido de utilizar o trecho do vídeo em que o presidente fala sobre o encontro.

A ação foi apresentada à corte antes mesmo da divulgação de vídeo produzido pela campanha de Lula.

"Você que é mãe, você que é pai: veja só o que Bolsonaro falou sobre meninas de 14 anos", diz o vídeo de 30 segundos. "Pintou um clima? Com uma garota de 14 anos? É esse homem que diz defender a família?", continua a propaganda petista.

Os advogados do presidente Jair Bolsonaro afirmam na ação que as declarações foram distorcidas e tiradas de contexto.

Ao utilizar a expressão "pintou um clima", dizem, Bolsonaro quis "sugerir, em linguagem clara e direta, voltada para o povo, que as meninas, lamentavelmente, devido à penúria financeira de que são vítimas, com reflexos de degradação sexual, estariam à procura de possíveis clientes".

A campanha do candidato à reeleição também recorreu ao pagamento de anúncios para tentar aplacar os efeitos negativos da fala do mandatário. Como mostrou o Painel, foram desembolsados cerca de R$ 166 mil para impulsionar três anúncios no Google que dizem que o presidente não é pedófilo.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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