Padres progressistas que pretendem declarar voto no ex-presidente Lula (PT) contra Jair Bolsonaro (PL) estão preocupados com um evento que a campanha do petista está organizando nesta segunda (17), em São Paulo.
Lula deve se encontrar com religiosos às 16 horas, na Casa de Portugal, no bairro da Liberdade.
A preocupação de alguns deles é que padres bolsonaristas se infiltrem no ato para causar tumulto, ou mesmo que registrem a reunião e depois divulguem imagens e falas de forma distorcida.
A ideia inicial era reunir cerca de cem padres para uma conversa com o candidato, fechada à imprensa. Seria uma reunião com controle de presenças, e aberta apenas aos que já pretendem apoiá-lo.
Lula falaria sobre suas propostas de governo e os religiosos fariam suas ponderações sobre o encaminhamento da campanha em relação a temas religiosos. Em seguida, gravariam depoimentos de apoio.
Depois do encerramento, o PT divulgaria imagens do encontro.
A organização do evento, no entanto, saiu do controle.
A lista inicial, de uma centena de freis e padres, dobrou em poucos dias. Mesmo assim, apenas os que já estivessem listados em uma lista prévia receberiam credencial para ter acesso a Lula.
No fim de semana, no entanto, a regra mudou, e as inscrições foram abertas a todos os religiosos que manifestarem interesse em se comparecer.
Integrantes da ala progressista do clero passaram então a se preocupar. Eles afirmam que, assim como há pastores evangélicos que apoiam Lula, existe também entre os padres católicos aqueles que votam em Bolsonaro, embora sejam minoria.
Com os ânimos acirrados, acreditam os religiosos pró-Lula, freis e padres bolsonaristas poderiam se organizar para entrar "no bolo" e causar tumulto.
A organização do evento está recebendo inscrições até mesmo pelo WhatsApp.
Segundo o Datafolha, o ex-presidente tem hoje ampla maioria entre os eleitores católicos, que representam 51% do eleitorado.
Entre eles, Lula tem 57% dos votos, contra 37% de Bolsonaro.
Já entre os evangélicos, que são 26% do eleitorado, Bolsonaro vence, por 65% contra 37% do petista.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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