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STF decide prender Jefferson por suposto arsenal de armas e planos de novos ataques nas vésperas da eleição

Operação ocorre um dia após ex-deputado xingar a ministra Cármen Lúcia

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O STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu informações de que o ex-deputado bolsonarista Roberto Jefferson (PTB) aumentaria o tom de seus ataques às instituições. Em prisão domiciliar, Jefferson manteria ainda um arsenal de armas em sua casa de forma irregular.

O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), em 2018 - Mateus Bonomi/Folhapress

A decisão de prendê-lo foi tomada porque, a partir de terça-feira (25), ele não poderia mais ser detido, como determina a lei eleitoral. Segundo esta regra, ninguém pode ser preso a não ser em flagrante cinco dias antes das eleições.

A certeza de que Jefferson coordenaria ataques para desestabilizar o pleito levou a Corte a pedir a sua prisão neste domingo (23). O ex-deputado reagiu à abordagem e atirou contra os agentes da Polícia Federal. Dois policiais ficaram feridos.

"Eu não vou me entregar. Eu não vou me entregar porque acho um absurdo. Chega, me cansei de ser vítima de arbítrio, de abuso. Infelizmente, eu vou enfrentá-los", disse Jefferson em vídeo gravado dentro da casa do próprio ex-deputado.

A operação ocorre um dia após Jefferson xingar a ministra do STF Cármen Lúcia e a compará-la a "prostitutas", "arrombadas" e "vagabundas" em um vídeo publicado por sua filha Cristiane Brasil (PTB) nas redes sociais.

"Fui rever o voto da bruxa de Blair, a Cármen Lúcifer, na censura prévia à Jovem Pan. Olhei de novo, não dá para acreditar. Lembra mesmo aquelas prostitutas, aquelas vagabundas arrombadas, que viram para o cara e diz: 'benzinho, nunca dei o rabinho, é a primeira vez'. Ela fez pela primeira vez. Ela abriu mão da inconstitucionalidade pela primeira vez", disse ele.

Jefferson comentava uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que concedeu três direitos de resposta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que devem ser veiculados em canais da Jovem Pan.

O placar do julgamento foi 4 a 3 —Cármen Lúcia integrou a maioria favorável a Lula.

O vídeo desencadeou uma série de reações. A senadora Simone Tebet (MDB) chamou Jefferson de "delinquente" e saiu em defesa da magistrada. "Querida ministra Cármen Lúcia, toda minha solidariedade. É inaceitável esse tipo de ataque às mulheres. Mexeu com uma, mexeu com todas nós", escreveu ela nas redes sociais.

O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) também se pronunciou. "Minha solidariedade à ministra Cármen Lúcia, do STF, vítima de ataques absurdos e criminosos. Que as instituições brasileiras apurem e punam seus autores", afirmou.

A deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) chamou o episódio de "asqueroso". "O Roberto Jefferson, de forma criminosa, gravou vídeo ofendendo, com o linguajar típico das mentes perversas dos políticos que apoiam [o presidente Jair] Bolsonaro, a ministra Cármen Lúcia. É execrável e misógino", disse a ex-ministra.

O ex-deputado bolsonarista foi preso em agosto de 2021 em operação da Polícia Federal autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes no âmbito da investigação que apura suposta organização criminosa atuando nas redes sociais para atacar a democracia.

Ele já havia sido condenado no escândalo do mensalão. Jefferson se lançou à Presidência da República neste ano, mas teve a candidatura barrada pelo TSE, que o considerou inelegível. Jefferson foi substituído por Padre Kelmon (PTB).

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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