Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu terrorismo

Randolfe questiona Pacheco sobre presença de suspeitos de terrorismo no Senado

Senador quer saber se entrada na Casa foi autorizada por algum parlamentar

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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) enviou, nesta segunda (26), um ofício ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cobrando explicações sobre a presença de suspeitos de terrorismo na Casa. Ele questiona se algum parlamentar teve participação direta ou indireta na permissão para que possíveis criminosos circulassem no prédio e em comissões.

O senador Randolfe Rodrigues durante entrevista no Senado, em Brasília - Pedro França/Agência Senado

Como revelado pela coluna, o homem suspeito de ter tentado explodir um caminhão de combustível perto do aeroporto de Brasília participou de uma audiência pública no Senado Federal que questionava a eleição de Lula (PT) e a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no pleito presidencial.

A Secretaria de Polícia do Senado localizou as imagens de George Sousa na 32ª reunião extraordinária da Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle (CTFC), realizada em 30 de novembro.

A presença na comissão indica que o suspeito de terrorismo já tinha conexões em Brasília, inclusive no parlamento, quando chegou à cidade disposto a praticar crimes.

O suspeito George Washington de Oliveira Sousa foi preso no sábado (24)
O suspeito George Washington de Oliveira Sousa foi preso no sábado (24) - Divulgação/Polícia Civil

A equipe do senador Randolfe Rodrigues afirma que também identificou, por meio da análise das imagens, a presença no mesmo evento de um segundo suspeito do ato terrorista, o bolsonarista Alan Diego dos Santos Rodrigues.

No ofício, Randolfe questiona quem autorizou a entrada de ambos no Senado. "Algum parlamentar foi responsável, diretamente ou por intermédio de seus assessores, pelo acesso dos terroristas às dependências do Senado?", pergunta ele no documento.

Ele indaga também se os suspeitos estiveram presentes em algum gabinete parlamentar antes ou depois da audiência pública. "Quem são as pessoas com as quais os dois suspeitos de terrorismo conversam durante a audiência pública, em especial a partir do minuto 6h 59min 30s da referida audiência?", questiona o senador no documento.

Randolfe Rodrigues quer saber ainda se os dois investigados estiveram no local em alguma outra data. "Caso positivo, quem autorizou o acesso e onde estiveram fisicamente?", acrescenta.

"As informações solicitadas, além de ampliar a transparência sobre os fatos narrados, servirão de subsídio para eventual representação ao Conselho de Ética caso algum parlamentar tenha facilitado ou se envolvido com os suspeitos de terrorismo", diz.

O senador destaca ainda que é "grave a informação de que o Senado Federal foi palco para que suspeitos de terrorismo organizassem ataques à democracia."

A polícia legislativa já sabe quem autorizou a entrada de George Sousa no Senado, mas trata a informação como sigilosa.

Na data, o colegiado discutia as denúncias da campanha de Jair Bolsonaro (PL) sobre uma suposta falta de isonomia nas inserções de propaganda no rádio durante o pleito.

Por iniciativa do senador Eduardo Girão (Podemos - CE), a comissão levou para o debate bolsonaristas como Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo de Jair Bolsonaro e integrante da campanha à reeleição do presidente, o jurista Ives Gandra e a influenciadora digital Barbara Destefani, responsável pelo canal "Te Atualizei" e investigada no inquérito das fake news.

Com o empresário suspeito de terrorismo na plateia, os debatedores questionaram a eleição de Lula e criticaram o STF.

Os agentes investigam agora se ele tem ligação, por exemplo, com o empresário bolsonarista que fazia ameaças contra Randolfe Rodrigues.

Sousa foi preso no sábado (24). Em depoimento, disse que participava do acampamento no QG do Exército que pede a intervenção das Forças Armadas no processo político do país.

Ele afirmou que mora no estado do Pará e que no dia 12 de novembro foi a Brasília para se incorporar aos protestos contra a eleição de Lula.

Disse que viajou à capital federal num carro em que levava duas escopetas calibre 12, dois revólveres, três pistolas, um fuzil Springfield calibre .308, mais de mil munições de diversos calibres e cinco bananas de dinamite.

Nesta segunda (26), a Secretaria de Polícia do Senado Federal decidiu restringir o acesso de visitantes às dependências da Casa depois dos atos de violência em Brasília, e da prisão de Sousa.

As medidas foram tomadas também visando aumentar a segurança para a posse de Lula, no dia 1º de janeiro.

De acordo com informações apuradas pela coluna, apenas os 81 senadores, servidores e profissionais terceirizados com crachá de identificação poderão entrar no Senado.

Os gabinetes dos senadores, que podem autorizar a entrada de visitantes, não poderão fazer isso no período. Exceções deverão ser comunicadas com antecedência à segurança, que terá a prerrogativa de permitir ou não a entrada.

Além disso, os servidores deverão passar por um detector de metais antes de ter acesso ao prédio.

Eles hoje são dispensados da vistoria, mas vão ter que se submeter a ela no período de preparativos para a posse.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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