Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu ataque à democracia

Bolsonaro vê aliados como soldados prontos para morrer, diz pivô do caso Covaxin sobre Do Val

Ex-deputado, Luis Miranda afirma acreditar que suposto plano golpista possa afetar o ex-presidente

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Pivô do inquérito aberto contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suspeita de prevaricação no caso da vacina Covaxin, o ex-deputado Luis Miranda diz acreditar que, dessa vez, o ex-mandatário pode vir a ser responsabilizado pelas revelações apresentadas pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES).

O parlamentar fez uma série de relatos que ligam Bolsonaro a um plano golpista que consistiria em gravar, sem autorização, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. "O pouco que ele [Do Val] apresentar, qualquer coisa que mostre que está falando a verdade, é forte", afirma Miranda à coluna.

O então deputado Luis Miranda chega para depor na CPI da Covid, no Senado, em Brasília - Pedro Ladeira - 25.jun.2021/Folhapress

O plano teria sido compartilhado em uma reunião entre Bolsonaro, Marcos do Val e o então deputado Daniel Silveira. Segundo a tese golpista, a revelação de áudios que comprometessem Moraes levaria a uma tempestade perfeita: o ministro seria preso, Bolsonaro seguiria no cargo e Lula (PT) não tomaria posse.

"É o modus operandi do Bolsonaro: ele bota o peão na linha de frente para fazer a loucura, induz a pessoa à situação [dizendo] 'bem que vocês podiam gravar'. A pessoa se prontifica por ser o seu ídolo, o seu presidente", afirma Luis Miranda.

"Bolsonaro não é um cara que vai lá e faz. Ele solta a bravata, e aventureiros caem. Ele é um mal para a base dele, é um cara que olha para os aliados e vê soldados do front, que vão na linha de frente para morrer mesmo", diz ainda.

O caso Covaxin se tornou central na CPI da Covid no Senado, inflamou protestos pelo impeachment do ex-presidente e expôs uma série de contradições no discurso bolsonarista sobre vacinas e combate à corrupção.

A suspeita de prevaricação foi atribuída ao então chefe do Executivo por Luis Miranda e o seu irmão, o servidor Luis Ricardo Miranda. Em depoimento, o então deputado afirmou ter alertado o presidente sobre supostas irregularidades na compra da Covaxin, negociada com a intermediação da Precisa Medicamentos.

O encontro, segundo o então congressista, teria ocorrido no dia 20 de março de 2021. A conversa com Bolsonaro foi presencial. Segundo relato de Miranda, o presidente teria ligado seu líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), às supostas irregularidades —mas não fez qualquer denúncia às autoridades.

Em 2022, a Polícia Federal concluiu que não foi demonstrado de forma material a ocorrência de conduta criminosa por parte de Bolsonaro, e a Procuradoria-Geral da República, comandada por Augusto Aras, pediu o arquivamento do inquérito.

"Sabe o que faltou na Covaxin? A prova cabal, que infelizmente eu não tive a coragem de por [apresentar]", afirma o ex-deputado Luis Miranda. "Se eu tivesse exposto o áudio, sofreria um processo criminal por ter gravado o presidente da República. Admito que me acovardei, mas me acovardei por não ter sido abraçado", acrescenta, dizendo que partidos como o PT não ofereceram suporte à época.

"Infelizmente, falar a verdade nesse país custa caro, e você não necessariamente vai ser respeitado por ela. Você vai ser admirado pelos seus adversários, mas não vai ser protegido", continua.

o suposto plano golpista relatado por Marcos do Val, na visão do ex-deputado, teria chances maiores de ser comprovado. "Bolsonaro fez isso em todos esses anos, sempre disse para os seus aliados que não entregaria o poder. Para mim, não entregar o poder só tem um jeito: é dando golpe. Bolsonaro falou publicamente o que o senador está colocando em pratos limpos", afirma.


NO TOPO

A procuradora Lilian Azevedo tomou posse como presidente da Associação Nacional dos Procuradores Municipais (ANPM) na quarta-feira (1º), no auditório do Conselho Federal da OAB, em Brasília. Ela é a primeira mulher negra a assumir o posto na história da entidade. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, prestigiaram a cerimônia.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.