Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Folhajus

Advogado diz saber 'o que Moro fez no verão passado' e que suspeitas sobre ele são 'naturais'

Prerrogativas estende críticas à juíza Gabriela Hardt, que autorizou ação contra PCC

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O coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, elaborou uma nota em que afirma que as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) _de que o plano do PCC descrito pela Polícia Federal para atacar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) poderia ser "uma armação" do ex-juiz_ foram retiradas de contexto.

Ele afirma que Lula lançou dúvidas exclusivamente sobre o momento da deflagração " da bem-sucedida operação em questão",

A declaração foi feita pelo mandatário na quinta-feira (23), no Rio de Janeiro. O presidente expôs suspeita sobre a atuação da juíza Gabriela Hardt, que foi substituta de Moro na condução da Lava Jato na Justiça Federal de Curitiba e assinou os mandados de prisão.

O presidente Lula durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília - Adriano Machado - 21.mar.2023/Reuters

"Vou pesquisar o porquê da sentença. Fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele", afirmou Lula, durante visita ao Complexo Naval de Itaguaí (RJ).

"Nós sabemos o que o Moro fez no verão passado. Natural, pois, que haja suspeitas sobre o seu comportamento neste episódio", afirma Marco Aurélio de Carvalho.

"No mais, a participação da juíza 'corta-cola-copia' é mais um elemento de reforço para as dúvidas lançadas exclusivamente sobre o momento da deflagração da bem-sucedida operação em questão", continua.

O advogado ainda defende que o presidente não questionou o mérito e a necessidade das investigações e das medidas protetivas. "Isto é o que realmente importa", diz a nota, que tece elogios à PF, ao Ministério Público e ao Ministério da Justiça.

A suspeita levantada por Lula acirrou a disputa com opositores e levou Moro a reagir cobrando "decência" do presidente. A juíza Gabriela Hardt chegou a tirar o sigilo do processo logo após a fala do presidente, levando à divulgação de mais detalhes da investigação policial.

"Não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Acho que é mais uma armação. E se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda. Não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo do jeito que ele está mentindo", afirmou Lula sobre Moro.

Os ataques da facção criminosa contra o ex-juiz e outras autoridades, segundo a apuração da PF, ocorreriam de forma simultânea, e os principais alvos estavam em São Paulo e no Paraná.

Como mostrou a Folha, os motivos que levariam Moro a entrar na lista do PCC ainda são alvo de análise por parte de integrantes das forças de segurança de São Paulo. Isso porque, até o final de 2022, o nome do ex-juiz e senador pela União Brasil não constava de lista dos serviços de inteligência paulista sobre os "decretados".

Nesta semana, ao relembrar o período em que ficou preso em Curitiba, Lula disse que pensava em vingança contra o ex-juiz da Lava Jato.

"De vez em quando ia um procurador, entrava lá de sábado, dia de semana, para perguntar se estava tudo bem. Entravam três ou quatro procuradores e perguntavam: 'está tudo bem?' '[Eu respondia:] não está tudo bem. Só vai estar tudo bem quando eu foder esse Moro. Vocês cortam a palavra 'foder'", afirmou o presidente durante entrevista ao portal Brasil 247, um dia antes da operação.

Moro foi o juiz responsável por uma série de condenações pela Lava Jato, inclusive a que manteve o hoje presidente Lula preso por 580 dias entre 2018 e 2019.

No final de 2018, Moro abandonou a magistratura para, no ano seguinte, assumir o cargo de ministro da Justiça da gestão de Bolsonaro. Em 2020, porém, Moro deixou o governo Bolsonaro, rompido com o presidente, e, em 2021, foi considerado parcial pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em condenação de Lula.

O ex-juiz se filiou ao Podemos para disputar a Presidência em 2022, agora como rival tanto do petista como de Bolsonaro. Acabou decidindo concorrer a senador no Paraná pela União Brasil e foi eleito.

Leia a íntegra do texto enviado por Marco Aurélio de Carvalho à coluna:

"Nós sabemos o que o Moro fez no verão passado. Natural, pois, que haja suspeitas sobre o seu comportamento neste episódio. No mais, a participação da juíza "corta-cola-copia" é mais um elemento de reforço para as dúvidas lançadas exclusivamente sobre o momento da deflagração da bem-sucedida operação em questão.

Importante reiterar, pois, que não houve, em momento algum, qualquer questionamento sobre o mérito e sobre a necessidade das investigações e das medidas protetivas. E isto é o que realmente importa.

O fato é que a Polícia Federal, o Ministério Público e Ministério da Justiça fizeram um belíssimo trabalho e merecem nosso reconhecimento e o nosso aplauso.

Eis a ironia. Moro deve agradecer o Presidente Lula e o Ministro Flávio Dino pelas providências enérgicas adotadas para resguardar a sua vida e a vida de seus familiares.

Mas de onde nada se espera ou se pode esperar, nada vem realmente.O governo nada tem a ver com esta briga de quadrilhas (PCC , Moro e cia).

Quaisquer tentativas de tirar do contexto as falas do Presidente Lula são fruto de mero oportunismo político e de vilania e mau-caratismo."


ESTANTE

O jornalista Oscar Pilagallo recebeu convidados durante o lançamento de seu novo livro, "O Girassol Que nos Tinge: Uma História das Diretas Já, o Maior Movimento Popular do Brasil". O evento ocorreu na livraria Martins Fontes, em São Paulo, na terça (21). A editora Rita Mattar e o advogado, escritor e colunista da Folha Luís Francisco Carvalho Filho estiveram lá. O jornalista Carlos Tramontina também compareceu.

com CLEO GUIMARÃES (interina), BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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