Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Rita Lee

Ronnie Von relembra 'batismo' de Os Mutantes e primeira vez que ouviu 'Eleanor Rigby' com Rita Lee

Cantores foram amigos por 57 anos: 'O chão saiu do meu pé quando soube da morte dela'

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"Não estou bem, ainda não caiu a ficha direito", diz Ronnie Von ao atender ao telefonema da coluna. Por 57 anos, ele foi amigo de Rita Lee, que morreu na segunda (8). "Você se sente amputado emocionalmente. Não estou inteiro", lamenta ele.

Os cantores Ronnie Von e Rita Lee
Os cantores Ronnie Von e Rita Lee - @RonnieVon no Instagram

Os dois artistas se conheceram em 1966, na casa de um amigo em comum, no bairro do Pacaembu, em São Paulo. A paixão pelos Beatles foi o primeiro ponto de afinidade entre a então adolescente de 17 anos e o jovem adulto de 21 anos, que já fazia parte do meio artístico.

"Meu pai tinha carreira diplomática e estava a serviço em Londres. Ele me mandava os discos do Beatles antes de serem lançados no Brasil", recorda-se.

Quando ganhou o álbum "Revolver", do grupo britânico, Ronnie lembra que ligou imediatamente para a nova amiga, a quem chamava de Ritinha. "Ela foi para minha casa para a gente ouvir. Quando entrou a faixa 'Eleanor Rigby', nós enlouquecemos. Era um sonho que nós tínhamos de misturar o erudito com o popular", diz.

Foi nesse mesmo ano que Ronnie sugeriu que a banda dela e dos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias se chamasse Os Mutantes. "Ela me pediu uma indicação de nome. Na época, tinha o trio Peter, Paul e Mary. E o idiota aqui sugeriu: 'Talvez, Arnaldo, Sergio e Rita'. Uma bobagem que eu falei", afirma.

"Aí eu olhei para a mesinha do lado e estava lendo o livro 'O Império dos Mutantes'. Eu disse: 'E Os Mutantes'? E ela adorou", conta.

Batizados com o novo nome, o grupo se apresentou na estreia do programa do cantor e apresentador na Record, O Pequeno Mundo de Ronnie Von. "Tive de convencer a produção e a direção a deixar eles se apresentarem, porque eram desconhecidos na época."

Ele lembra que a banda tocou a "Marcha Turca", de Mozart, na guitarra. "Depois cantamos 'Eleanor Rigby' com a orquestra de cordas."

Uma das últimas vezes em que eles se falaram foi quando Ronnie soube que Rita estava doente e resolveu fazer uma surpresa para ela: gravou e fez um clipe da música "Só de Você", composição da cantora com o marido, Roberto de Carvalho, e que Rita Lee dizia que gostaria de ver o amigo cantando.

Ele incluiu no vídeo frases de uma entrevista que fez com a artista em 2020, para o seu canal no YouTube. "Talvez você tenha sido a moça mais bonita que eu vi na minha vida", disse Ronnie para ela, na ocasião.

"Como é que a gente, com você, lindo desse jeito, me achando linda desse jeito, como é que a gente não se pegou, hein?", perguntou a cantora a ele na conversa.

"Essa era a Ritinha", relembra o cantor à coluna, aos risos. E explica o motivo de eles nunca terem ficado juntos amorosamente: "Nós viramos irmãos, e aí seria incesto."

Ronnie também destaca que a cantora era uma pessoa muito divertida e que vivia, dentro dela, uma criança, "que fazia todo tipo de malcriação que você possa imaginar, em qualquer lugar".

"Naqueles eventos formais, como convenções de gravadoras, ela fingia ser aquela garotinha: enfiava o dedo no nariz, mostrava a língua para todo o mundo, falava um monte de bobagem", recorda. "Eu morria de rir dessas coisas da Ritinha."

Ronnie Von conta ter recebido a notícia da morte da cantora ao chegar em casa, na manhã desta terça (9), depois de apresentar o seu programa diário na RedeTV!, o Manhã do Ronnie Von. "O chão saiu do meu pé quando eu soube", disse.


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A cantora Liniker, que estrela uma das capas da edição de maio de 2023 da revista Glamour - Pedro Napolinário/Divulgação

A cantora Liniker é uma das capas da revista Glamour impressa deste mês. À publicação, ela falou da importância de ter sido a primeira artista trans a ganhar o Grammy na categoria melhor álbum de música popular brasileira, com "Indigo Borboleta Anil". "Um dia, eu estava passando fome e, no outro, dormindo em um hotel cinco estrelas", diz. Ela afirma também ter receio de supervalorizar a conquista. "Tenho medo [de] que eu me perca dentro do meu processo e do meu propósito. Eu não fiz o disco para ganhar um Grammy, por mais que eu gostaria, mas, sim, para que eu me celebrasse."

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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