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Empresa que vendeu blindados para a PRF sob Bolsonaro demite gestor após suspeita do Coaf

Órgão de combate à lavagem de dinheiro apontou movimentações atípicas; caso foi revelado pela coluna

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Brasília

A Combat Armor Defense do Brasil, empresa que vendeu veículos blindados para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no governo de Jair Bolsonaro (PL), afastou o empresário Maurício Junot de Maria da função de presidente. A decisão ocorre após o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificar movimentações financeiras atípicas por parte da empresa, em caso revelado pela coluna.

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O então presidente Jair Bolsonaro conversa com o então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília - Pedro Ladeira - 21.fev.2022/Folhapress

NÃO FECHA

De acordo com o órgão de combate à lavagem de dinheiro, a Combat Armor tem feito operações bancárias incompatíveis com sua capacidade econômica. Saques em espécie realizados de forma fragmentada e dentro de um período de cinco dias também entraram na mira do Coaf.

CAUTELA

Em nota enviada à coluna, a empresa de blindados diz que a decisão pelo afastamento de Junot foi tomada "em razão das denúncias veiculadas nos órgãos de imprensa" e com o objetivo de "garantir a integralidade do processo de apuração dos supostos fatos mencionados".

CAUTELA 2

"O desligamento de nosso principal executivo não endossa qualquer acusação veiculada, ou antecipa qualquer tentativa de julgamento que tentam nos imputar, mas [é], sim, uma medida necessária para proteger os interesses e conduta da companhia", afirma, em sua manifestação.

LETRA DA LEI

"Reiteramos nosso compromisso com a ética e a excelência em nossas atividades e permanecemos determinados em aprimorar, ainda mais, nossas práticas de compliance e condutas em todas as esferas de atuação e transparência nas atividades, em conformidade com as leis que regem nossa atuação", segue.

FATURA

As aquisições de carros da Combat Armor pela PRF foram feitas durante a gestão de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da corporação, e já são investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de fraude em licitação. Entre 2020 e 2022, ao menos R$ 30 milhões foram pagos pela corporação.

CADÊ?

Em relatório do Coaf em posse da CPI do 8 de janeiro, que investiga os ataques golpistas às sedes dos três Poderes, o órgão afirma que durante visita a uma das instalações da empresa "não foram encontrados veículos e nenhum tipo de maquinário" para a realização de blindagem.

EXTRATO

Fundada nos EUA por um apoiador do ex-presidente Donald Trump e instalada no Brasil em 2019, a Combat Armor tinha, em seu início, um faturamento médio mensal de R$ 58,5 mil, segundo o Coaf.

EXTRATO 2

Já entre junho de 2021 e abril do ano passado, a empresa chegou a receber R$ 4,8 milhões, sendo mais de R$ 3 milhões provenientes de pagamentos feitos pela PRF e R$ 1,7 milhão do Governo do Rio de Janeiro.

EXTRATO 3

Entre abril de 2022 e junho deste ano, os créditos recebidos em conta totalizaram R$ 18,6 milhões. As movimentações feitas no período também foram consideradas suspeitas e incompatíveis com o faturamento mensal em relatório do órgão.

CARA, CRACHÁ

Responsável pelos contratos entre a PRF e a Combat Armor, Silvinei Vasques foi questionado sobre a sua relação com a empresa em depoimento à CPI. Ele admitiu ter pedido emprego à especializada em blindados depois de ter deixado o comando da corporação, mas negou ter sido contratado.

CARA, CRACHÁ 2

Confrontado por parlamentares com um cartão de visitas da Combat Armor que levava seu nome e o apresentava como vice-presidente, Silvinei disse desconhecer a sua origem.

LUPA

Procurada na ocasião em que a suspeita do Coaf foi revelada pela coluna, a PRF afirmou que os contratos com a empresa foram finalizados após pagamento e recebimento dos veículos blindados. A corporação ainda disse ter iniciado um estudo para investigar o aproveitamento e a confiabilidade dos veículos comprados na gestão anterior, mas afirmou que ele ainda não foi concluído.

Leia, abaixo, a íntegra da nota enviada à coluna pela Combat Armor Defense:

"A COMBAT ARMOR DEFENSE, INC. sócia majoritária da COMBAT ARMOR DEFENSE DO BRASIL, em razão das denúncias veiculadas nos órgãos de imprensa, vem por meio desta comunicar oficialmente que o Sr. Mauricio Junot de Maria, foi afastado da função de CEO da COMBAT ARMOR DEFENSE DO BRASIL e da mesma forma não mais a representa sob nenhuma circunstância, e em qualquer país que tenhamos ou venhamos a desenvolver negócios, objetivando garantir a integralidade do processo de apuração dos supostos fatos mencionados.

Portanto, a COMBAT ARMOR DEFENSE, INC., nos deveres de sua atribuição, está nomeando, um novo procurador legal no Brasil, que inclusive já iniciou a coordenação de auditoria legal e financeira relacionada a todos os assuntos da COMBAT ARMOR DEFENSE DO BRASIL, nos atos da gestão anterior.

Esclarecemos ainda que, a COMBAT sempre se pautou no cumprimento e aplicação de princípios de padrões éticos, e elevados valores morais em seus negócios. A empresa possui uma sólida história de comprometimento com tais padrões e valores, formalizados junto a colaboradores, parceiros e clientes na obediência a rigoroso código de conduta bem como na estrita observância da Lei Anticorrupção – Lei 12846/2003., afirmando o compromisso de rever quaisquer situações que venham a comprometer sua integridade, e credibilidade em todas as suas atividades.

Importa destacar, que o desligamento de nosso principal executivo, não endossa qualquer acusação veiculada, ou antecipa qualquer tentativa de julgamento que tentam nos imputar, mas sim uma medida necessária para proteger os interesses e conduta da Companhia. Haja vista a série de acusações, ao nosso ver infundadas, que temos sofrido de alguns órgãos de imprensa, também é de nosso interesse apurar e esclarecer.

Reiteramos nosso compromisso com a ética e a excelência em nossas atividades e permanecemos determinados em aprimorar, ainda mais, nossas práticas de compliance e condutas em todas as esferas de atuação e transparência nas atividades, em conformidade com as leis que regem nossa atuação e negócios desenvolvidos.

Agradecemos sua compreensão e colaboração neste momento desafiador. Contamos com a confiança, e o apoio de todos os nossos parceiros para superarmos esse desafio, e seguirmos firmes. Ao mesmo tempo nos colocamos à disposição para esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários."


BALADA

Os produtores Paulo Papaleo e Leandro Pardí receberam convidados na abertura do novo espaço cultural criado por eles, o Clube Redoma, no Bexiga, na capital paulista, na semana passada. A cineasta Tata Amaral e o gestor cultural e o ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo Alê Youssef prestigiaram o evento.

com BIANKA VIEIRA (interina), KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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