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Zambelli procura Boulos para expressar apoio a deputado do PSOL

Deputada diz à coluna que bloqueios de contas funcionais, como ocorreu com Glauber Braga, têm atingido parlamentares à esquerda e à direita, e defende que Lira tome uma atitude

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Brasília

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) fez uma aparição na Câmara dos Deputados que causou surpresa e estranhamento entre parlamentares e civis, na quarta-feira (30).

Autoridades, populares e membros de entidades estavam reunidos para o lançamento da Frente Parlamentar Mista de Combate às Desigualdades, no Salão Nobre da Casa, quando a deputada adentrou o espaço. A cerimônia já havia sido iniciada, e todos os presentes se encontravam sentados.

A deputada federal Carla Zambelli chega à Polícia Federal, em São Paulo, para prestar depoimento - Zanone Fraissat - 7.ago.2023/Folhapress

Zambelli, então, se dirigiu ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para cochichar em seu ouvido. Logo em seguida, deixou o local. Participantes da solenidade relataram ter estranhado o gesto tumultuado, que não teria feito sentido e não foi explicado para quem presenciou a cena.

À coluna, pessoas próximas de Boulos afirmam que a deputada bolsonarista teria expressado seu apoio ao deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), que recentemente teve suas contas bloqueadas e recebeu multa de R$ 1 milhão por determinação da Justiça.

A decisão é de autoria do juiz Sergio Roberto Emilio Louzada, da 2ª Vara Cível de Nova Friburgo (RJ). De acordo com o magistrado, Braga teria descumprido uma liminar que impedia a realização de um ato em Lumiar, no Rio, em solidariedade à deputada estadual Marina do MST (PT), que foi agredida durante evento na região.

Nas redes sociais, Braga compartilhou uma foto em que mostra que uma de suas contas bancárias, destinada a ressarcimentos da Câmara dos Deputados, teve o saldo zerado e acumulou uma dívida de R$ 955.317, 27 em função da decisão.

"Não sou patrimonialista. O que recebo é utilizado para pagar as minhas contas, da minha família e para luta política. Agora, eu pergunto: é justo o juiz Sergio Louzada me aplicar uma multa absurda de 1 milhão de reais e ir descontando cada real do salário até zerar a conta?", escreveu.

"Ele afirma que eu afrontei o Judiciário ao dizer que o cancelamento do ato de solidariedade à deputada Marina do MST era um absurdo", afirmou ainda. "A obrigação do juiz era garantir a realização do ato pacífico que vários coletivos estavam organizando", completou.

Como mostrou a Folha, o caso do deputado do PSOL mobilizou deputados alinhados à esquerda e à direita. A própria Zambelli sugeriu ao líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), a criação de um grupo suprapartidário para tratar do assunto, além de ter levado o tema ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

Procurada pela coluna, a deputada afirma que buscou Boulos enquanto líder do PSOL para alertá-lo de que é preciso conversar com Lira sobre a questão. "A gente precisa se pronunciar a respeito disso porque está acontecendo com a direita e com a esquerda", afirma.

Zambelli explica que os deputados possuem uma conta-salário e uma conta destinada exclusivamente a ressarcimentos feitos pela Casa. Essa última é usada para pagar passagens aéreas, alugueis de carro e outros tipos de despesas tidas com a atividade parlamentar.

"É um ressarcimento que é nosso, mas é um dinheiro público ao mesmo tempo", afirma a deputada. "Sem aquela conta girando, você não consegue comprar passagem, não consegue trabalhar", diz ainda.

A parlamentar cita o caso do deputado federal Vermelho (PL-PR), que teria tido tanto a conta-salário quanto a conta de ressarcimento bloqueadas após uma ação judicial.

"Aconteceu com o [ex-deputado federal] Daniel Silveira, aconteceu com vários de nós. Quase todo deputado que tomou uma multa já teve essa conta de ressarcimento bloqueada porque [ela] está no nosso CPF", afirma.

Zambelli ainda diz que não se encontrou com Glauber Braga para tratar do assunto, mas defende que seus colegas de Câmara se pronunciem sobre o tema. "Isso é um problema para a nossa função de parlamentar, e o Lira tem que nos defender em relação a isso. Meu ponto é esse", afirma.

"Acho que, independentemente de eu não aprovar absolutamente nada do que o Glauber Braga pense, de a gente estar completamente em lados opostos, tem certas injustiças que não podem acontecer", finaliza.

Além dela, o deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL-PB), também um bolsonarista, já pediu apoio de colegas para aprovar um projeto que garanta que decisões da Justiça como a que atingiu Braga passem pelo crivo da Câmara antes de sua execução.


CALHAMAÇO

O ex-presidente Michel Temer (MDB) participou do evento de lançamento do livro "A Defesa", em homenagem aos 50 anos de carreira do advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, na Casa Portugal, em São Paulo, na noite de quarta-feira (30). O ex-ministro da Justiça e presidente da Comissão Arns, José Carlos Dias, e o secretário nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho, prestigiaram o evento.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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