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Descrição de chapéu Folhajus LGBTQIA+

Zanin não votou contra crime de homotransfobia no STF, diz assessoria ao rebater críticas

Assessoria afirma que informação não procede e divulga argumentos do magistrado

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O gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin divulgou uma mensagem e o voto do ministro para rebater as críticas de que o magistrado votou contra a tipificação da homotransfobia como crime de injúria racial.

"Tal informação não procede! O voto deixa claro a importância que o ministro confere ao tema", diz a nota da assessoria do gabinete.

O ministro Cristiano Zanin durante a sua cerimônia de posse no STF, em Brasília - Pedro Ladeira - 3.ago.2023/Folhapress

"No entanto, ele entende, e transcreve de forma fundamentada em seu voto, que o mérito do julgamento não poderia ser alterado por embargos de declaração, que servem apenas para esclarecer omissão, obscuridade, contradição ou erro material no julgado", segue a nota.

"Na visão do ministro Zanin, não haveria a obscuridade apontada pelo ministro [Edson] Fachin, relator do recurso", segue a nota.

O gabinete também enviou o voto e destacou trechos em que o ministro critica a homotransfobia e dá ao assunto o peso que merece.

O trecho do voto diz o seguinte: "Esse alarmante cenário configura frontal violação dos direitos humanos da população LGBTQIA+, bem como dos princípios e dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil", afirma.

"Especificamente, o princípio da igualdade, consagrado no art. 5o, caput, da Constituição de 1988, estabelece que 'todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza'. Dispositivos semelhantes constam igualmente da Carta das Nações Unidas, da Declaração Universal dos Direitos Humanos e de outros tratados internacionais de direitos humanos", afirmou o ministro em seu voto.

Na segunda (21), o STF formou maioria, por 9 votos a 1, para reconhecer a homotransfobia como injúria racial. O ministro André Mendonça se declarou impedido de participar do julgamento e Zanin foi o único a votar contra, argumentando que os embargos de declaração não poderiam alterar o mérito de um julgamento.

O magistrado indicado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a mais alta corte do país foi criticado por membros da comunidade LGBTQIA+ pelo seu voto. O nome da Zanin ficou entre os assuntos mais comentados da rede social X (ex-Twitter).

A maioria do Supremo a respeito da homotransfobia é uma extensão à decisão de 2019 que enquadrou o crime como racismo. Na ocasião, a maioria da corte entendeu que houve omissão inconstitucional do Congresso por não editar lei que criminalize atos de homofobia e de transfobia.

À época, os ministros votaram por enquadrar a homotransfobia como tipo penal definido na Lei do Racismo até que o Congresso edite lei sobre a matéria.

Após essa decisão, a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos) entrou com um pedido para que o Supremo estendesse o entendimento também para o crime de injúria racial.

A associação dizia que a decisão do Supremo restringia o reconhecimento da homotransfobia como crime de racismo e impedia que a prática configurasse crime quando proferida contra honra subjetiva de um indivíduo LGBTQIA+.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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