Mônica Bergamo

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'Ele é um ser humano', diz deputado bolsonarista sobre Heleno após descontrole na CPI do 8/1

Ex-chefe do GSI chegou a falar palavrões ao se ver confrontado pela relatora da comissão

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Parlamentares da oposição minimizam o descontrole do general Augusto Heleno durante sua oitiva na CPI do 8 de janeiro, que ocorre no Senado desde a manhã desta terça-feira (26).

Ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e um dos ministros mais próximos de Jair Bolsonaro (PL), o militar chegou a falar palavrões ao se ver confrontado pela relatora da comissão, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), ainda nas primeiras horas de audiência.

O general Augusto Heleno, ex-chefe do GSI, durante depoimento à CPI do 8 de janeiro, em Brasília, nesta terça (26) - Gabriela Biló/Folhapress

"Na sua opinião, as eleições brasileiras, agora em 2022, foram fraudadas?", questionou a relatora. "Já tem o resultado das eleições, já tem um novo presidente da República. Não posso dizer que foram fraudadas. Foram examinadas", respondeu Heleno. "O senhor mudou de ideia, né?", rebateu Gama, já ao final de seus questionamentos.

O general, então, olhou com indignação em direção à senadora e passou a bater com suas mãos sobre a mesa. "Ela fala as coisas que ela acha que está na minha cabeça", exclamou o general. "P*, é pra ficar puto. P* que o pariu", dizia, nervoso, enquanto seu advogado tentava acalmá-lo.

O deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE), autor do requerimento da CPI do 8 de janeiro, avalia como natural que o ex-chefe do GSI tenha se exaltado.

"Não tem como não ficar [nervoso], a verdade é essa. Ele é um ser humano. Ele está sendo convocado para participar de algo que ele não tem absolutamente nada a ver", afirma à coluna.

"É natural que uma hora ou outra ele se estresse. O pessoal [está] querendo colocar palavras na boca dele. Eu acho justo. Qualquer um ali já passou por isso", acrescenta o parlamentar do PL.

Ex-vice-presidente da República, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) também contemporiza o destempero de Heleno, que se repetiu durante respostas dadas a outros parlamentares.

O general obteve uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que o autorizou a ficar em silêncio durante a sessão, mas optou por falar e usou o recurso apenas em alguns momentos.

"Lamentavelmente, parlamentares não sabem lidar com alguém que está ali como testemunha. Tem que se ater ao quê? Ao fato que eles estão investigando. Qual é o fato que está sendo investigado? Os acontecimentos do dia 8 de janeiro", diz Mourão. "Eles têm que respeitar a pessoa que está ali. Não respeitam, e aí partem para as coisas mais estapafúrdias possíveis", segue.

Na avaliação de integrantes da oposição, o descontrole do general pode ser lido como um sinal de que ele tenha dado "um tiro no pé" ao decidir responder às perguntas sobre o seu suposto envolvimento nos ataques de 8 de janeiro.

"Ele se achou, como todo ditador, superior aos outros, que se pode impor pela força. Infelizmente a inteligência e a palavra não são o forte dele. Parece que ele aprecia mesmo é usar a força", afirma o deputado federal Rogério Correia (PT-MG).

Já o deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA) diverge do colega petista. "Acho que ele tem um excesso de confiança tão grande que ele não está arrependido, não. Ele acha que venceu o debate. É o perfil dele", afirma.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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