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Ministério Público apurou caso por dois anos e concluiu que há crimes, diz advogada das atrizes

'Trata-se de um caso paradigmático que certamente será um grande exemplo da resposta que a Justiça pode dar à sociedade em casos de assédio sexual', afirma Mayra Cotta

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A advogada Mayra Cotta, que representa o grupo de atrizes que acusam Marcius Melhem, afirma que o ator e ex-diretor da Globo é réu por assédio sexual e investigado por violência psicológica e perseguição.

"É um fato objetivo: o Ministério Público apurou o caso por dois anos e concluiu que ele cometeu crimes, e a Justiça do Rio já viu elementos suficientes para aceitar a abertura de uma ação penal", diz ela, em nota à coluna.

O ator, humorista e ex-diretor da Globo Marcius Melhem
O ator, humorista e ex-diretor da Globo Marcius Melhem - Marlene Bergamo/Folhapress

Cotta afirma também que ao menos 11 vítimas foram reconhecidas na denúncia. "Possivelmente, mais vítimas teriam se sentido seguras em trazer ao conhecimento das autoridades fatos criminosos envolvendo o réu, não fossem suas recorrentes práticas de intimidação, exposição e ataque a qualquer pessoa que se manifeste publicamente sobre o seu comportamento quando era chefe", acrescenta.

OUTRO LADO

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"Trata-se de um caso paradigmático que certamente será um grande exemplo da resposta que a Justiça pode dar à sociedade em casos de assédio sexual, violência psicológica e perseguição contra mulheres", conclui.

Melhem foi denunciado sob acusação de assédio sexual contra três mulheres no dia 2 de agosto. Os casos de outras oito mulheres, incluindo o de Dani, foram arquivados pelo Ministério Público porque o suposto assédio contra elas já teria prescrito.

Aceita pela Justiça um dia depois, a denúncia afirma que o diretor realizava "abordagem sexual em meio a conversas acerca do roteiro, do elenco e do papel a ser atribuído à personagem das vítimas".

Na representação, Marcius Melhem é acusado de estabelecer relação de "falsa amizade e intimidade" com subordinadas e dizer, ainda que de forma velada, que o destino delas estava em suas mãos.

"O denunciado também mantinha aproximação física inadequada com abraços e carinhos excessivos disfarçados de brincadeiras que evoluíam igualmente para apalpações, tentativas de beijos forçados, propostas de sexo, tapinhas nas nádegas, apertões nos seios e até mesmo, em algumas situações, exposição de sua genitália, orgulhoso da situação de ereção", diz a denúncia.

Os três casos em que o humorista é réu têm como vítimas as atrizes Carol Portes, Georgiana Goes, e uma editora de imagens da TV Globo. A denúncia recomenda que as três voltem a ser ouvidas pela Justiça.

No caso das demais denunciantes, o assédio, em tese, teria ocorrido entre 2014 e janeiro de 2019, motivo pelo qual os casos já teriam prescrito. Por isso, elas não deverão ser levadas adiante. As artistas serão, no entanto, ouvidas na condição de testemunhas.

Em relação à atriz Dani Calabresa, a denúncia afirma que, fora o assédio sexual, um suposto crime de importunação não se aplicaria porque a abordagem teria ocorrido em 2017, anterior, portanto, à vigência da lei, que é de 2018.

Melhem é também investigado por suposta prática de violência psicológica e perseguição contra suas acusadoras em publicações nas redes sociais e em entrevistas.

A investigação foi aberta no dia 22 de agosto pelo Ministério Público de São Paulo. Identificada por suas iniciais, a humorista Dani Calabresa é uma das denunciantes, ao lado de outras três atrizes com residência em São Paulo, que prestaram depoimento ao órgão.

Melhem deverá ser ouvido no dia 15 de setembro. Na representação, foram anexados vídeos que o ex-diretor da Globo publicou em seu canal do YouTube, aberto em abril sob o argumento de que ele precisava se defender das acusadoras.

Nas gravações, ele responde às atrizes e exibe trocas de mensagens, algumas de conteúdo sexual. O promotor Paulo Henrique Castex determina que os vídeos sejam armazenados.

"A violência psicológica constitui forma de ‘slow violence’, cumulativa e persistente, que paulatinamente compromete a paz e a tranquilidade da mulher, sendo capaz de desencadear na vítima sofrimento, dano emocional e até mesmo diversas patologias de ordem psíquica", afirma o promotor Castex.

Melhem nega e afirma que precisa se defender. Diz também que ninguém sofreu mais violência psicológica do que ele é suas filhas.

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