Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu guerra israel-hamas

PT diz que nota de Embaixada de Israel foi falsa, maliciosa e que não tem moral para falar de direitos humanos

Na segunda (16), partido condenou ataques do Hamas e acusou Israel de genocídio

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O Partido dos Trabalhadores (PT) rebateu a Embaixada de Israel no Brasil e disse que a representação israelense deu uma interpretação "falsa e maliciosa" a uma resolução divulgada pela sigla que diz que o país do Oriente Médio realiza um "genocídio contra a população de Gaza".

"É um ataque injustificável a um partido que ao longo de sua história abriga militantes palestinos, árabes e judeus e defende a coexistência dos Estados de Israel e da Palestina", afirma o comunicado do PT, veiculado na tarde desta terça-feira (17).

Reunião da direção do PT com integrantes do Partido Comunista da China - Zhang Ling/Xinhua

Mais cedo, a embaixada havia dito que "é muito lamentável que um partido que defende os direitos humanos compare a organização terrorista Hamas, que vai de casa em casa para assassinar famílias inteiras, com o que o governo israelense está fazendo para proteger os seus cidadãos".

A representação israelense também disse que "qualquer pessoa que pense que o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas é uma posição política, ou que se trata apenas de uma luta política legítima, possui uma extrema falta de compreensão da atual situação".

O posicionamento foi uma reação a uma resolução divulgada pela sigla do presidente Lula no dia anterior, na segunda (16), que condenou os ataques do Hamas contra civis, ao mesmo tempo em que acusou Israel de cometer genocídio contra a população de Gaza.

"O PT condena, desde sua fundação, todo e qualquer ato de violência contra civis, venham de onde vierem. Por isso, condenamos os assassinatos e sequestro de civis cometidos tanto pelo Hamas, quanto pelo Estado de Israel, que realiza, neste exato momento, um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra", afirmava o documento petista.

O partido reiterou ainda a defesa de uma solução de dois Estados para a crise na região, pediu esforços pela paz negociada e parabenizou o governo pela operação para retirar brasileiros da zona de conflito.

A sigla, portanto, rebateu nesta terça. "Afirmar que o PT considera 'o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas luta política legitima', como faz a nota da embaixada, é uma atitude inaceitável por parte de quem tem a responsabilidade de representar no Brasil um país amigo", afirma ainda o mais recente comunicado.

E segue: "Quem representa no Brasil o governo que fez um ataque desta natureza não tem autoridade moral para falar em direitos humanos. Todos têm direito a defender seu povo, mas a busca por justiça não se confunde com vingança nem pode se dar por meio da Lei de Talião".

Como mostrou a Folha, a resolução do diretório nacional do PT de segunda (16) não chamou o Hamas de entidade terrorista, em linha com a posição da diplomacia brasileira. Também não se referiu aos atos do grupo palestino como "terroristas".

O partido também reforçou o fato de que não tem ligação com o grupo responsável pela ofensiva contra Israel no último dia 7, afirmando que seus únicos laços são com a Organização para a Libertação da Palestina e com a Autoridade Nacional Palestina, que administra partes da Cisjordânia.

Leia, abaixo, a íntegra da nota do PT divulgada nesta terça:

"É totalmente falsa e maliciosa a interpretação que a Embaixada de Israel no Brasil faz e divulga em nota oficial sobre a Resolução do PT, divulgada ontem, a propósito da situação de Gaza.

O Diretório Nacional condenou, sim, 'os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel'.

E advertiu que a retaliação do governo de Israel configura 'um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra', como o corte de água potável, energia, alimentos e remédios, além de bombardeios contra a população civil.

Por volta das 15h30 de hoje, enquanto a Embaixada de Israel divulgava sua nota contra o PT, pelo menos 500 civis eram assassinados no bombardeio a um grande hospital em Gaza.

Quem representa no Brasil o governo que fez um ataque desta natureza não tem autoridade moral para falar em direitos humanos.

Todos têm direito a defender seu povo, mas a busca por justiça não se confunde com vingança nem pode se dar por meio da Lei de Talião.

A posição do PT é semelhante à da porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Ravina Shamdasani: 'Não se pode ter uma punição coletiva como resposta aos ataques horríveis [do Hamas]'.

Afirmar que o PT considera 'o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas luta política legitima', como faz a nota da embaixada, é uma atitude inaceitável por parte de quem tem a responsabilidade de representar no Brasil um país amigo.

É um ataque injustificável a um partido que ao longo de sua história abriga militantes palestinos, árabes e judeus e defende a coexistência dos Estados de Israel e da Palestina".

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.