Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu guerra israel-hamas

ONG israelense critica Israel e Hamas e diz que 'vingança não pode ser plano de Estado'

'Sofrimento não justifica sofrimento, uma injustiça não justifica outra', diz B'Tselem

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O B’Tselem, organização israelense de direitos humanos criada em 1989 e baseada em Jerusalém, irá disseminar no Brasil um texto em que critica o ataque terrorista do Hamas ocorrido em Israel no dia 7 deste mês, mas também a resposta dada pelo governo do premiê Binyamin Netanyahu à ofensiva.

A entidade é conhecida por criticar tanto violações cometidas pela ocupação israelense no território vizinho quanto as praticadas por autoridades palestinas. Para o grupo, é preciso pôr fim à incursão em Gaza, esperada desde que Israel deu um ultimato para que cidadãos se deslocassem para o sul da faixa.

Manifestantes exibem fotos de vítimas do Hamas em Israel durante protesto em Santiago, no Chile - Martin Bernetti - 11.out.2023/AFP

"Conclamar Israel a deter a vingança não significa, de maneira alguma, mitigar o horror das ações do Hamas. Criticar tanto o Hamas como Israel não representa uma simetria ou permite comparações. Não se trata de um jogo com soma zero", diz o B’Tselem, em nota que acaba de ser traduzida para o português.

"Sofrimento não justifica sofrimento, uma injustiça não justifica outra e um crime não autoriza outro. A vingança não pode ser um plano de Estado. Podemos —e devemos— exigir outras soluções que não sejam baseadas em mais mortes, destruição e perdas", afirma ainda.

A organização sustenta que não há justificativa para os crimes perpetrados pelo Hamas contra israelenses, destacando que "a cada dia são revelados novos e horríveis detalhes" sobre o ataque que deixou mais de 1.300 pessoas mortas há dez dias.

Diz, ainda, que as histórias dos sepultados e dos que ainda se encontram sequestrados "são trágicas e dolorosas demais para serem traduzidas em simples palavras".

"No entanto, outra campanha cruel de vingança contra os 2 milhões de moradores de Gaza —atualmente em seu décimo dia— com ministros e comandantes prometendo que há mais por vir, é absurda. Os crimes do Hamas não transformam os crimes de Israel —atuais e futuros— em legais ou justificáveis", pondera.

"O regime de apartheid e ocupação exercido por Israel é indissociável das violações aos direitos humanos. B’Tselem defende o fim desse regime como único caminho para um futuro no qual os direitos humanos, a democracia, a liberdade e a igualdade sejam garantidos para ambos os povos, palestinos e israelenses", finaliza.

Leia, abaixo, a íntegra da carta elaborada pela organização baseada em Jerusalém:

"Israel está preparando o ingresso de milhares de soldados na Faixa de Gaza a qualquer momento, lançando uma invasão por terra de proporções ainda desconhecidas. Na semana passada, dirigentes políticos e comandantes militares israelenses conclamaram à vingança, prometendo arrasar Gaza e causar danos inimagináveis a centenas de milhares de civis. Precisamos pôr um fim a isso agora.

No dia 7 de outubro, membros do Hamas cometeram crimes horríveis no Sul de Israel. Mataram mais de 1.300 pessoas, sequestraram mais de cem e deixaram milhares de feridos. Dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas.

A cada dia são revelados novos e horríveis detalhes. A cada dia, mais e mais famílias enterram seus entes queridos —e as histórias de sobrevivência—, assim como o temor pelo que acontecerá com os sequestrados, são trágicas e dolorosas demais para serem traduzidas em simples palavras. Nada pode justificar esses crimes.

No entanto, outra campanha cruel de vingança contra os dois milhões de moradores de Gaza —atualmente em seu décimo dia— com ministros e comandantes prometendo que há mais por vir, é absurda. Os crimes do Hamas não transformam os crimes de Israel —atuais e futuros— em legais ou justificáveis.

Israel vem bombardeando Gaza indiscriminadamente há mais de uma semana. Os ataques mataram mais de 2.000 palestinos, incluindo mais de 700 crianças e dezenas de famílias inteiras. Bairros foram totalmente destruídos, as pessoas estão vivendo sem água e energia elétrica e há centenas de milhares de deslocados dentro de Gaza. Tudo isso é completamente proibido. E uma invasão por terra irá amplificar o horror a um grau inimaginável. Isso não deve ser permitido.

Precisamos dizer o óbvio: conclamar Israel a deter a vingança não significa, de maneira alguma, mitigar o horror das ações do Hamas. Criticar tanto o Hamas como Israel não representa uma simetria ou permite comparações. Não se trata de um jogo com soma zero; o volume de dor e trauma no mundo não é finito.
Sofrimento não justifica sofrimento, uma injustiça não justifica outra e um crime não autoriza outro. A vingança não pode ser um plano de Estado. Podemos —e devemos— exigir outras soluções que não sejam baseadas em mais mortes, destruição e perdas. Mas, sim, na compreensão essencial de que todos os seres humanos são iguais e têm direito à vida. Todos e cada um.

O regime de apartheid e ocupação exercido por Israel é indissociável das violações aos direitos humanos. B’Tselem defende o fim desse regime como único caminho para um futuro no qual os direitos humanos, a democracia, a liberdade e a igualdade sejam garantidos para ambos os povos, palestinos e israelenses, vivendo entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo."


FA-TAL

A atriz Sophie Charlotte participou da pré-estreia em São Paulo do filme "Meu Nome É Gal", em que interpreta a cantora baiana. O evento foi realizado no Cinemark do Shopping Iguatemi, na capital paulista, na semana passada. A diretora e roteirista Lô Politi, que divide a direção da obra com Dandara Ferreira, esteve lá. O ator Luis Lobianco, que também integra o elenco, compareceu.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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