Mônica Bergamo

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Churrascaria de São Paulo responde na Justiça a acusação de trabalho escravo

OUTRO LADO: Ponteio nega as acusações, afirma que investigação ainda está em curso e diz ter 'compromisso inabalável com as normas legais'

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A churrascaria Ponteio, tradicional na cidade de São Paulo, responde a um processo na Justiça por supostamente submeter 15 funcionários a condições análogas à escravidão.

Os trabalhadores foram encontrados por agentes do MPT (Ministério Público do Trabalho) e da Polícia Federal, no mês de agosto do ano passado, em um alojamento anexo à unidade do restaurante no Jaguaré, na zona oeste da capital. O local abrigava funcionários nordestinos que foram agenciados por uma empresa terceirizada para a churrascaria.

Churrascaria Ponteio trabalho escravo
Churrascaria Ponteio na zona oeste de São Paulo - Divulgação

A defesa da Ponteio nega as acusações e afirma que a investigação ainda está em curso.

"Desde sua fundação em janeiro de 1971, a churrascaria Ponteio mantém um compromisso inabalável com as normas legais, refletindo ética e transparência. Com mais de 50 anos, a empresa nunca enfrentou problemas judiciais, evidenciando sua postura respeitosa perante as leis do setor", diz, em nota.

Segundo informações do relatório de fiscalização, obtidas pela coluna, o ambiente era "insalubre e com forte odor", sem ventilação, água potável ou itens básicos, como copos —no restaurante, todos bebiam água na mesma garrafa. Foram encontrados pelo órgão 14 camas de concreto com colchões precários, muitos sem roupa de cama, dois sanitários em más condições e um chuveiro gelado do qual quase não saía água.

Para morar no alojamento, ainda de acordo com o relatório, os trabalhadores pagavam R$ 100 por mês. Também foi cobrada uma quantia entre R$ 400 e R$ 500 pelo agenciamento no mercado de trabalho e o reembolso das passagens para São Paulo.

À equipe de auditoria do trabalho, os funcionários afirmaram que eram humilhados pelo subgerente da churrascaria, pagavam R$ 200 a cada prato quebrado, não recebiam repasse da taxa de serviço de 13% cobrada aos clientes e não podiam se alimentar no restaurante quando estavam de folga.

No dia da visita ao alojamento, um dos trabalhadores afirmou que estava se sentindo mal porque, como estava de folga, não havia almoçado e só tinha bebido água o dia inteiro.

Segundo os trabalhadores, outras churrascarias da região mantêm alojamentos com condições tão ruins ou piores do que a encontrada no Ponteio. Foram abertas notícias de fato no MPT para investigar três delas.

A proprietária e o gerente do restaurante foram presos em flagrante no dia da inspeção, sendo soltos em seguida. A empresa assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPT e está pagando parcelas do dano moral coletivo de R$ 150 mil. Aos resgatados, pagou R$ 2.000 por cada mês trabalhado como indenização individual. Aqueles que trabalharam por menos de 15 dias receberam indenização de R$ 1.000. O caso segue sendo investigado pelo MPF (Ministério Público Federal).

"O TAC não caracteriza que a situação ocorreu de fato", diz a advogada Deverlene Rocha, que representa a churrascaria.

Em nota, o escritório de advocacia responsável pelo restaurante afirma que "a gestão é pautada pela valorização dos funcionários e tratamento humanizado" e que "apesar da empresa lamentar ter sido alvo de falsas acusações, crê em sua conduta ética e defesa".

"Inclusive, a empresa conta com quadro de funcionários com mais de 20 anos de casa, cada um destes fazendo carreira e estendendo a tradição na própria família dos colaboradores."

Os advogados dizem ainda confiar na Justiça "para manter a imagem ilibada" e informa que a empresa segue com as atividades normalmente.


PIPOCA

Os atores Giulia Benite e Rafa Muller, que integram o elenco do filme "Chama a Bebel", receberam convidados para a pré-estreia da produção, realizada no Cinemark do Shopping Iguatemi, em São Paulo, na terça (9). O cineasta Paulo Nascimento, que assina a direção do longa, também esteve lá.

com BIANKA VIEIRA (interina), KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH; colaborou GEOVANA OLIVEIRA

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