Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Judô

Clube Pinheiros deixou de lado a 'paixão do futebol' e já subiu quatro vezes ao pódio nas Olimpíadas de Paris

Presidente da instituição viu a vitória de Bia Souza, Willian Lima, Larissa Pimenta e Rafael Silva no judô

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Paris

Uma das presenças mais constantes nas arquibancadas dos Jogos Olímpicos de Paris na primeira semana de competições foi a do presidente do Esporte Clube Pinheiros, Carlos Brazolin. O clube paulistano teve 33 atletas convocados para as competições.

Das 13 vezes em que o Brasil subiu ao pódio até esta quarta (7), em quatro estavam atletas do Pinheiros: Bia Souza é ouro no judô, Willian Lima é prata e Larissa Pimenta é bronze no mesmo esporte. Voltaram ao pódio por equipe, em que estava Rafael Silva, o Baby, que também treina no Pinheiros. Alisson dos Santos, o Piu, está na briga pelo ouro no atletismo.

A imagem mostra um grupo de pessoas sorrindo em um ambiente festivo. Um homem à esquerda exibe uma medalha, enquanto outro homem ao centro sorri amplamente. Uma mulher à direita também sorri, usando um colete dourado. Ao fundo, há telas com imagens coloridas
O presidente do Pinheiros, Carlos Brazolin na Casa Brasil, em Paris, onde se reuniu com judocas do clube que ganharam medalhas: a seu lado, Rafael Silva, o Baby, e Bia Souza; abaixo, Willian Lima e Larissa Pimenta - Mônica Bergamo/Folhapress

No sábado (3), Brazolin assistia às oitavas de final do judô quando Larissa Pimenta apareceu na arquibancada para vê-lo. Os dois se abraçaram. Choraram.

"O que você sentiu [quando Bia ganhou o ouro]?", perguntou Larissa. "Me deu um choque, me deu um apagão. Mas depois voltei", contou Brazolin.

Ele estava tenso nas oitavas de final. "Ah, não colocaram o Baby? Cadê o Baby? Ele é medalhista, ajuda se entrar", dizia. "A Bia está cansada", constatava. A atleta tinha ganhado a medalha de ouro um dia antes na competição individual. "Imagina o que ela já não deu de entrevista, tirou de fotografia ontem", seguiu ele.

Nos intervalos, Brazolin conversou com a coluna.

O Esporte Clube Pinheiros tem 125 anos. Neste mais de um século, viu dez atletas subirem ao pódio. O primeiro deles foi o nadador Manoel dos Santos Jr., bronze em Roma em 1960. Depois vieram nomes como Gustavo Borges, três medalhas na natação, e Alison dos Santos, bronze em Tóquio 2021.

O Pinheiros foi fundado em 1899 em São Paulo pelo futebolista alemão Hans Nobiling, que era radicado no Brasil.

Ele se chamava Sport Club Germânia e nasceu como um clube de futebol. Teve alguns endereços antes de se estabelecer às margens do Rio Pinheiros, que por muito tempo serviu como a piscina do clube —era em suas águas então límpidas que os atletas nadavam ou praticavam remo.

Aos poucos, foi se transformando em um clube poliesportivo, incorporando modalidades como hockey, saltos ornamentais, tiro, handebol, esgrima e ginástica.

O fato de o futebol não ter ficado em primeiro plano, acredita Brazolin, foi o que definiu o seu destino de celeiro de medalhistas olímpicos.

"O futebol é uma paixão muito grande. As pessoas entram nos clubes e choram, é fora do normal. Ele absorve todas as atenções, todos os esforços, todos os recursos", constata.

Como o Pinheiros, "graças a Deus", decidiu não virar um clube futebolístico, os outros esportes tiveram espaço para crescer.

Hoje o clube tem 35 modalidades esportivas, de peteca a esgrima, passando por remo e bocha —e também o futebol.

Apesar da ampla infraestrutura, com cinco piscinas externas, 24 quadras de tênis, pista de atletismo, ginásio de basquete, handebol, judô e ginástica olímpica, e um ginásio poliesportivo, Brazolin afirma que a fila de sócios para a prática de esportes dá a volta várias vezes no quarteirão de 170 mil m² da instituição.

São 400 pessoas esperando para entrar no judô, 500 na natação e 300 para o centro de atividades desportivas.

Por isso, ele anuncia que vai construir um novo ginásio Poliesportivo.

O Pinheiros tem hoje 39 mil sócios, mas 10 mil deles são veteranos e já não pagam mais nada para frequentá-lo.

A mensalidade é de R$ 564,00. Mas entrar no clube não é barato. O Pinheiros não emite mais títulos, e quem quer entrar nele precisa comprar no mercado.

Nele, os títulos são oferecidos por até R$ 100 mil. Pela transferência de titularidade o Pinheiros cobra outros R$ 146 mil.

O esporte de alto rendimento é uma prioridade. Do orçamento de R$ 300 milhões do clube, R$ 60 milhões são destinados à área.

Os atletas de ponta, como os medalhistas de Paris, em geral não surgem entre os sócios. Eles são descobertos e convidados para entrar no clube como militantes. Recebem todo o apoio técnico, e também um salário para se dedicar integralmente aos treinos.

O próprio Brazolin, que é também empresário ele tem uma rede de seis lojas esportivas, foi selecionado para ser um militante do Pinheiros quando tinha cerca de 11 anos. "Eles [antigos diretores] foram na minha escola e me recrutaram para fazer parte do time de basquete, que estava incompleto", conta. "Era difícil encontrar jogadores por causa da altura."

Acabou se tornando sócio do clube e integrando a Seleção Brasileira de Basquete infanto-juvenil. Campeão sul-americano, ganhou uma bolsa para estudar nos EUA, onde se formou engenheiro tecnológico.

"Eu devo tudo ao Pinheiros", diz ele, que retornou a São Paulo, de onde segue acompanhando a performance dos atletas que ainda brigam por medalhas em Paris.

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