Na semana que vem, Joe Biden realiza sua cúpula da democracia, virtual. Foram chamados o polonês Mateusz Morawiecki, Jair Bolsonaro e o indiano Narendra Modi, respectivamente o primeiro, o quarto e o sétimo líder mais "autocratizante" no relatório recém-divulgado pelo instituto V-Dem —que dá atenção especial para a liberdade de expressão.
Muitos em situação até pior, como o congolês Félix Tshisekedi e o iraquiano Mustafa Al-Kadhimi, ricos em minérios, também participam.
A lista de viés abertamente geopolítico é resultado, mais um, da equipe disfuncional de política externa na Casa Branca. Disfunção que, alertou articulista no New York Times, está levando ao absurdo, por exemplo:
"Vacinar menos pessoas mundialmente, na esperança de demonstrar superioridade americana ou da democracia, é uma calamidade moral que nos prejudicará a todos." Dias depois, vieram a público a ômicron e o veto à entrada de africanos.
Embora próximo do governo democrata, o NYT vem evitando até noticiar a cúpula de Biden. Preferiu dar ampla atenção ao V-Dem. Em suma, "EUA e seus aliados foram responsáveis por parcela significativamente maior do retrocesso democrático global na década", após período democratizante nos anos 1990 e 2000.
No caso americano, houve regressão no direito ao voto e com a politização dos tribunais, entre outros. "As descobertas também enfraquecem as suposições americanas, de que o poder dos EUA seja uma força democratizante no mundo", diz o jornal.
Talvez mais significativamente, "contradizem que a tendência [autocratizante] seja impulsionada por Rússia e China", os alvos da cúpula, "ou por Donald Trump, que assumiu quando a mudança já estava em andamento".
Um segundo relatório sobre democracia, de outra organização europeia, Idea, saiu em seguida e com conclusão semelhante. No Guardian, "EUA são adicionados à lista de democracias em retrocesso pela primeira vez", devido ao "declínio das liberdades civis e dos controles de governo".
Biden talvez não se sinta tão deslocado, conversando com Morawiecki, Bolsonaro e Modi sobre democracia.
O NOVO SKYLINE DA AMÉRICA
O chamado corredor dos bilionários ("billionaires' row") acaba de chegar a oito "torres super finas" erguidas em apenas sete anos, como novo perfil de Nova York.
A cidade tenta reagir, com o NYT (com a foto acima) cobrando a falta de segurança nos oito, de ocupação precária, e a prefeitura criando um abrigo para sem-teto no corredor, apesar dos protestos dos moradores, mostrados pelo noticiário local de CBS e Fox.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.