Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

Jornalismo pode funcionar num cenário hiperpolarizado?

Conversas de Tucker Carlson com Ben Smith e Glenn Greenwald evidenciam que debate sobre mídia está entre a total divergência e a total concordância

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Ben Smith, ex-editor do BuzzFeed e ex-colunista de mídia do New York Times, fez na quinta (7) uma entrevista pública com Tucker Carlson, apresentador da Fox News, como parte do lançamento de seu novo veículo, Semafor, que se pretende "imparcial".

Não faltou pressão contra o convite, mas Smith insistiu e, ao vivo pelo YouTube (a partir de 1h26min30s), partiu para o ataque.

"Por que você tem sido um papel pega-moscas para racistas?", perguntou, após mostrar um vídeo de Carlson dizendo que os democratas querem mais imigrantes para "substituir" os eleitores americanos "legados" (legacy) ou tradicionais.

De sua parte, Carlson acusou Smith de "servir" (carry water for) àqueles "que têm todo o poder", referência aos democratas.

Foram 20 minutos de bate-boca, o que por si só respondeu à questão oficial do evento, que era "se e como o jornalismo pode funcionar num cenário hiperpolarizado". Pelo que se viu, não pode.

Por outro lado, terça à noite no programa de Carlson, também já no YouTube, sobrou concordância numa entrevista com Glenn Greenwald, sobre "cenários da mídia" (reprodução acima).

O apresentador mostrou um trecho de sua conversa dias antes com Jair Bolsonaro, em que este diz que a Fox News seria "muito bem-vinda no Brasil", onde não existiria "contraponto" fora do programa "The Dots on the I's", da Jovem Pan.

Carlson passou a palavra para Greenwald, que comentou: "Uma das coisas que existem nos EUA e não existem no Brasil é uma mídia mais pluralista, mesmo que seja só a Fox News".

"O país tem sido dominado por quatro ou cinco famílias que controlam quase todos os meios. E sua ideologia não é direita ou esquerda, mas a preservação do poder estabelecido."

E agora, prosseguiu Greenwald, "a esquerda brasileira fala sobre a Globo, há muito a sua pior inimiga, com admiração" porque ela "se tornou completamente hostil a Bolsonaro".

Este também é "repetidamente censurado pelas Big Techs. O Facebook e o Google estão ditando aos brasileiros o que eles podem e não podem ouvir, inclusive de seu presidente democraticamente eleito".

Carlson fechou dizendo que o Brasil "é um reflexo da nossa sociedade".

O ÂNCORA

Joe Biden, ao ler um discurso mostrado pela CBS, entre outras, aparentemente falou o que apareceu como instrução no teleprompter, "fim da citação, repita a frase", o que foi separado por um perfil pró-republicano no Twitter (acima) e viralizou.

Até Elon Musk fez piada, com uma imagem da comédia "O Âncora": "Quem quer que controle o teleprompter é o verdadeiro presidente!".

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