Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

Sem Gorbatchov, Rússia moderna não teria sido possível, diz Kommersant

Outros veículos russos, como RT e Komsomolskaya Pravda, descrevem o ex-líder como 'polêmico' e de legado 'ambíguo'

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A cobertura da morte de Mikhail Gorbatchov na Rússia, no que foi possível acompanhar nas primeiras horas, conteve-se nas críticas ao "primeiro e último presidente da União Soviética" —até ele, o cargo não existia; depois, foi a URSS que deixou de existir.

No Kommersant, um dos jornais mais respeitados, o saldo foi até positivo: "Alguns veem isso [seu governo] como a maior tragédia ou mesmo catástrofe, culpando Gorbatchov por todos os erros imagináveis e até crimes. Outros estão cientes de que, sem Gorbatchov, a Rússia moderna dificilmente teria sido possível".

Obituário de Gorbatchov no Kommersant
No título do obituário, uma frase do próprio Gorbatchov em entrevista ao jornal, 'Quero antecipar a história, para dizer que, em geral, Gorbatchov é um cara legal' - Reprodução

A home do tabloide russo Komsomolskaya Pravda evitou questionar: "Alguns dirão: ele nos trouxe a liberdade. Outros: ele levou nosso país. Morreu Mikhail Gorbatchov, um dos políticos mais polêmicos da história da Rússia".

O site em russo do canal de notícias RT foi pela mesma linha: "Os anos do governo de Gorbatchov foram lembrados por reformas socioeconômicas, que os contemporâneos avaliam de forma ambígua".

O site do jornal semanal Argumenty i Fakty destacou um vídeo mais duro, sobre "Quem destruiu a URSS?", se Gorbatchov, Boris Ieltsin ou "ambos ao mesmo tempo".

O popular agregador de notícias do buscador Yandex reuniu links noticiosos diversos sob o enunciado simples "Mikhail Gorbatchov morreu". E abriu uma aba só para uma declaração do deputado Alexander Iuschenko, de que "temos uma antiga tradição ortodoxa na Rússia – não falar mal dos mortos".

GORBATCHOV E AS GUERRAS

Na China, a cobertura também foi contida, com o governo lembrando suas "contribuições positivas para a normalização das relações sino-soviéticas". Mas Hu Xijin, ex-editor e agora colunista do Global Times, ligado ao PC, deu voz às críticas no Twitter e sobretudo no Weibo:

"Um dos líderes mundiais mais controversos, Gorbatchov foi amplamente aclamado no Ocidente por sacrificar os interesses de sua pátria. O Ocidente de fato se tornou seguro por causa dele, mas as consequências do colapso da antiga União Soviética criaram uma série de guerras, primeiro na Tchetchênia, depois na Geórgia e agora na mais brutal guerra na Europa desde a Segunda Guerra."

Zhang Weiwei, da Universidade Fudan, também questiona seu papel, em comparação com Deng Xiao Ping, numa entrevista ao Guancha.

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