O CEO do grupo alemão Axel Springer, Mathias Döpfner, deu entrevista à revista americana New York, anunciando a expansão do site Politico em até 150 jornalistas, para avançar para outras capitais pelo mundo.
Em entrevista anterior ao Washington Post, ele já havia dito que o objetivo é ser o líder em jornalismo digital ao redor do planeta, concorrendo em língua inglesa com americanos como New York Times —e prometendo ser mais isento.
O que foi possível observar sobre o Politico, desde a aquisição alemã há um ano, é que passou a dar atenção para pautas de interesse europeu, que concorrentes anglo-americanos não noticiam ou pouco destacam.
A principal delas é a "guerra comercial", como apelidou, entre EUA e União Europeia, efeito do protecionismo americano, que se intensificou com Joe Biden e a chamada Lei de Redução da Inflação.
Há semanas, o Politico destaca que os líderes alemão e francês "ameaçam retaliação comercial contra Biden" (acima), porque a lei afeta a indústria automobilística de seus países. Dá subsídios para "convencer empresas a mudar a produção para os EUA".
Especificamente, o contribuinte americano agora pode abater do imposto US$ 7.500 gastos na compra de um carro elétrico, se ele for "montado na América do Norte e tiver bateria com um percentual de metais dos EUA, Canadá ou México".
Após a ameaça, às pressas, noticiou o Politico, "a representante comercial dos EUA viajou mais de seis mil quilômetros para evitar uma guerra comercial transatlântica, mas seus colegas europeus sinalizaram que serão difíceis de convencer".
A pauta persiste, agora com "Guerra comercial ameaça ofuscar cúpula União Europeia-Estados Unidos". Pior, Japão e Coreia do Sul já indicam se aliar a França e Alemanha, contra Biden.
Mas a ambição de Döpfner não é ser a voz da Europa e menos ainda do social-democrata alemão Olaf Scholz. No comando dos principais jornais da direita no país, Bild e Die Welt, ele tem ideário próximo dos libertários americanos.
Como salienta a New York, Döpfner "quer ser um barão da imprensa para a era digital, parte Rupert Murdoch, mas também parte Elon Musk. E ainda muito alemão". Amigo do agora dono do Twitter, foi flagrado dando ideias para Musk:
"Nós administramos para você e estabelecemos uma verdadeira plataforma de liberdade de expressão."
PARIS DEIXA LONDRES PARA TRÁS
No financeiro francês Les Échos, com foto da LVMH, maior empresa cotada na cidade e dona do jornal, "Paris tira de Londres o lugar de primeira Bolsa de Valores da Europa".
Do alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung à americana Bloomberg, foi notícia mundo afora, mas o londrino Financial Times demorou dois dias para registrar —e o fez dizendo que Paris só "desafia" Londres.
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