Na chegada de Lula à conferência do clima, a revista The New Yorker publicou "sua primeira entrevista" pós-vitória, feita em São Paulo.
"Lula, que completou 77 anos, aparentava a idade, também cansaço", escreve Jon Lee Anderson. "Enquanto falava, porém, seus famosos altos níveis de energia voltaram. Logo estava sentado na ponta da cadeira e me pegando com entusiasmo para expor suas ideias."
A primeira questão foi sobre o caminho para cumprir a promessa de desmatamento zero, com o jornalista dizendo que ele tem uma grande "responsabilidade moral", porque "as pessoas ao redor do mundo estão esperando de você não que salve a Amazônia, mas salve o mundo".
Lula: "Sim, eu sei, e isso me assusta, porque as pessoas estão muito otimistas com nosso governo. Falei com o presidente Biden e acabei de falar com Josep Borrell [chanceler da União Europeia]. As pessoas estão esperando que alguma coisa mude, e vai mudar."
Sobre a Amazônia: "Eu pretendo, no Egito, mostrar o que será a Amazônia daqui para frente. Não queremos transformar a Amazônia num santuário para a humanidade. O que queremos é estudar, pesquisar a Amazônia. Também não deve ser um lugar onde se corta uma árvore sem motivo".
Lula diz que vai discutir a questão "com muita seriedade" com os brasileiros que vivem na região, citando depois Bolívia, Peru, Venezuela, Equador e Colômbia. Também vai "falar com o Congo e a Indonésia", países de floresta tropical.
Partiu então para questionar a "governança global fraca" atual. "É preciso agregar novos países ao Conselho de Segurança da ONU, acabar com o direito de veto", também porque "a geopolítica de hoje é outra", não é mais a mesma do pós-guerra.
"Tem que haver uma decisão internacional", argumenta Lula. "Vamos dar um exemplo: nós assinamos o Protocolo de Kyoto, e os EUA não cumpriram. Então não adianta aprovar as decisões em reunião multilateral, se cada país vai levar de volta e decidir lá".
VITÓRIA PARA O PLANETA
Na revista Time, "Vitória de Lula dá à Amazônia uma chance". No título online, "Vitória de Lula é uma vitória para o planeta". Em suma, "a melhor notícia que a luta climática global recebeu em muito tempo".
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