Uma semana depois de visitar Pequim, Lula voltou para o alto do New York Times na manhã desta quinta, ao lado do líder chinês, para a análise-manchete "Enquanto Xi faz amizade com líderes mundiais, ele endurece sua posição sobre os EUA" (abaixo).
O texto começa com a descrição da cena, "Xi Jinping estendeu o tapete vermelho para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, elogiando-o como um velho amigo do povo chinês". Lista também os contatos com o francês Emmanuel Macron e o saudita Mohammed bin Salman.
"Mas para os EUA é só indiferença", reclama o jornal, ecoando a avaliação de que Xi, após o episódio do balão, desistiu. O NYT destaca, de Wu Xinbo, da Universidade Fudan, que a esperança gerada pelo encontro com Biden no G20, há cinco meses, se perdeu:
"A China acredita que os EUA não têm a sinceridade nem a capacidade de melhorar as relações."
Logo abaixo da manchete online, o jornal adiantou que a secretária do Tesouro de Biden, Janet Yellen, vai defender nesta quinta uma relação "construtiva" e "saudável" com a China, em tom "mais conciliatório".
Sobre Lula, Biden indica buscar reaproximação após seu porta-voz falar que o presidente do Brasil estava "papagueando" a China. O assessor Jake Sullivan ligou para o colega assessor Celso Amorim —e o NYT noticiou que "Biden promete US$ 500 milhões para parar desmatamento no Brasil".
É dez vezes mais do que acenou ao receber Lula em Washington, mas o jornal avisa que também agora "a promessa de ajudar o Brasil a proteger a Amazônia precisa ser aprovada pelo Congresso, onde os republicanos se opõem à ajuda climática ao exterior".
LULA FRUSTRADO COM O OCIDENTE
Bloomberg e Financial Times, entre outros, já vinham alertando que Lula está "frustrado com a falta de novos investimentos dos EUA" no Brasil e que, "ansioso e frustrado, dá guinada à esquerda".
Mas coluna posterior no FT volta a lembrar que "Ocidente tem muito pouco para oferecer a líderes como Lula" e que, como resultado, "o comércio e os investimentos da China no Brasil exercem uma atração sobre o alinhamento geopolítico do país".
DO LIVRE MERCADO À POLÍTICA INDUSTRIAL
Também no FT, na coluna "O novo Consenso de Washington" (acima), Edward Luce ironiza como a "ortodoxia econômica de ontem nos EUA é a heresia de hoje", com as "máximas de livre mercado" trocadas por "política industrial". Com a busca americana pela "integração da China" trocada pela busca da "desintegração da China".
O novo consenso, alerta ele, vem num contexto diferente do anterior. "Washington não é mais a Roma inconteste do mundo."
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