Até o New York Times se deixou levar contra a reunião de Lula com Xi Jinping, ao menos numa primeira chamada no alto da home, "Em Pequim, o líder brasileiro endossa a postura da China sobre a Ucrânia". Depois se mostrou mais receptivo, com a reportagem ampliada "Lula se encontra com Xi na China conforme eles buscam caminho para a paz".
Wall Street Journal e Washington Post, os outros jornais nacionais do país, editorializaram ainda mais suas coberturas, respectivamente sob os títulos "Xi Jinping, da China, e Lula, do Brasil, assumem postura unida contra os Estados Unidos" e "Ocidente esperava que Lula fosse um parceiro. Ele tem seus próprios planos".
Na Fox News, o âncora Sean Hannity ouviu do senador direitista Tom Cotton que, como o presidente "Joe Biden não diz uma palavra negativa sobre os líderes esquerdistas da América Latina", o resultado de sua "fraqueza" é que Lula, "um crítico da América, senão hostil", é um dos que estão "correndo para Pequim".
A exemplo dos também financeiros WSJ e Bloomberg, o Financial Times enfatizou uma frase dita por Lula em Pequim, de que ele busca, "junto com a China, equilibrar a geopolítica mundial", tornando-a mais multipolar, menos concentrada nos EUA.
POR EXEMPLO, A ALEMANHA
Em contraste, a cobertura alemã da viagem ressaltou que "China e Brasil ampliam relações econômicas", no Frankfurter Allgemeine Zeitung, e que foi "Uma visita completamente normal", em análise do Süddeutsche Zeitung.
Este último, mais próximo da social-democracia do premiê Olaf Scholz, diz que "as relações entre os dois países [Brasil e China] são próximas, mas isso não significa que não haja espaço para outros parceiros. Por exemplo, a Alemanha".
UM POUCO SOLITÁRIO
Ao fundo, dois ex-secretários do Tesouro americano, um republicano, o outro democrata, alertaram para o isolamento dos EUA no mundo.
De Henry Paulson, ao FT: "Se os Estados Unidos forem longe demais ao restringir o comércio e o investimento com a China e formos muito além do que nossos aliados e parceiros querem fazer, o resultado será o isolamento dos EUA".
Lawrence Summers, à Bloomberg: "Há uma aceitação crescente da fragmentação e, talvez mais preocupante, há uma sensação crescente de que o nosso pode não ser o melhor fragmento com que se associar. Está um pouco solitário".
GUAJAJARA E O CANADÁ
No FT, "Brasil urge ação internacional contra comércio ilegal de ouro", ouvindo de Sônia Guajajara (acima), ministra dos Povos Indígenas, que é "urgente parar esse caminho do ouro", cobrando ação dos governos estrangeiros. Segundo o jornal, o principal destino do ouro brasileiro é, de longe, o Canadá.
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