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Descrição de chapéu atletismo

O corre do maior corredor do Brasil

Carlos Dias atravessa o país correndo em acostamentos de BRs e fez dezenas de desafios de 12h ou 24h

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Na manhã deste sábado (29), no Centro Olímpico da Prefeitura de São Paulo, o corredor e palestrante profissional Carlos Dias, 51, o Carlão, fará mais um de seus eventos em que atua como difusor da corrida.

Atuar dessa maneira significa correr em desafios criados por ele mesmo, autoimpostos, por locais variados, como o próprio Centro Olímpico paulistano, a orla do Rio de Janeiro ou de capitais nordestinas, parques de cidades das regiões Sul e Centro-Oeste, acostamentos de BRs que conectam todas essas localidades e até em esteiras colocadas em pontos estratégicos e de grande visibilidade das metrópoles.

Nas últimas duas décadas, a vida de Carlão foi isso. Com ajuda de uns poucos patrocinadores e apoiadores, ele atravessou o Brasil do Chuí ao Oiapoque —e também do Chuí a Pacaraima, outro ponto extremo setentrional brasileiro, em Roraima—, rodou por 12 ou 24 horas por muitos sábados consecutivos e, um pouco mais para trás, quando dificuldades financeiras foram transpostas, esteve em provas de resistência internacionais desejadas, como travessias de desertos e até mesmo na Antártida.

O corredor Carlos Dias na Antártida
Carlos Dias na Antártida - Arquivo pessoal

Chamo-o de o maior corredor brasileiro apesar de estar muito longe de empilhar três centenas e fumaça de maratonas, como o Nilson Lima, ou de ter recorde inscrito no Guinness, como o Hugo Farias. É que Carlão, além da quilometragem impressionante, faz da corrida seu ofício.

Os desafios citados são o ganha-pão do cabra. Nas capitais e cidades em que escolhe parar, ele também tenta realizar palestras motivacionais, algo que domina bem e que lhe ajuda sobremaneira no "budget".

O sucesso e a longevidade desses desafios dependem da capacidade de Carlão de sensibilizar pessoas a acompanhá-lo nas corridas, em trechos distintos. Funciona assim: em vez de correr 12 horas, o camarada pode rodar por 30 minutos, 1 hora ou 2 horas. Há um valor determinado de inscrição/contribuição e em troca Carlão fornece medalha, certificado de conclusão e, trivialmente, camiseta.

O corredor Carlos Dias no deserto Wadi Rum, na Jordânia
O corredor Carlos Dias no deserto Wadi Rum, na Jordânia - Arquivo pessoal

Parte do que arrecada normalmente é distribuído para o Graacc, o hospital paulistano de referência no país no tratamento do câncer de alta complexidade de crianças e adolescentes.

Neste sábado, em São Paulo, o kit inclui o lançamento de seu primeiro livro, "Além dos Extremos", editado de maneira independente, com grande dificuldade, em que narra justamente os desafios que criou e empreendeu.

Como disclosure necessário, cumpre dizer que este colunista escreveu algumas mal traçadas que também integram "Além dos Extremos".

Carlão corre muito devagar, no ritmo do que chama de "tartaruga ninja" e que calculo ser entre 6 ou 7 km/h. Estive em diversos de seus desafios. Num sábado de 2017, às vésperas da maratona do Rio, por exemplo, segui nesse pace numa rodagem entre o Leblon e o Leme por três horas. Correr devagar significou, acredite, um desafio particular.

'Além dos Extremos', livro do corredor Carlos Dias
'Além dos Extremos', livro do corredor Carlos Dias - Divulgação

O negócio foi sério e significou quebra da tal homeostase –o ambiente interno a que nos condicionamos, inclusive muscularmente–, o que gerou dores que provavelmente não me ajudaram nos 42K do dia seguinte.

Naquele dia Carlão fazia a etapa carioca de seu Desafio 24 Horas, e sua maior dificuldade era encontrar um companheiro para atravessar a madrugada correndo da Zona Sul até o local de largada da mara do Rio, na época nas lonjuras do Recreio dos Bandeirantes.

De origem modesta, nascido no ABC paulista, ele faz com a corrida o que tantos outros tentam com o futebol, ou seja, um modo de ganhar a vida. As dificuldades, assim como no nosso esporte mais popular, são enormes; o reconhecimento, diferentemente, nenhum.

Uma vantagem competitiva talvez seja a aposentadoria precoce, que não parece a Carlão inexorável.

"Só vou parar de correr quando der o último suspiro. Não penso em aposentadoria, pois isso seria parar de me movimentar, e vida é movimento. Enquanto meu corpo me presentear com saúde, vou seguir firme. A corrida é cura interna e também é ferramenta de cura de tantas crianças [que ele ajuda por meio das contribuições ao Graacc]", diz.


Para participar do desafio de lançamento do livro "Além dos Extremos", que começa às 8h neste sábado (29), em São Paulo, basta comparecer ao Centro Olímpico, na rua Pedro de Toledo, 1651, a passos da estação do metrô AACD - Servidor (linha 5), ou inscrever-se antecipadamente no site do parça, aqui.

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