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atletismo África

Com Rio e África do Sul em junho, homem-maratona faz social na competição que tem seu nome, em Uberlândia

Nilson Lima, 357 maratonas, não corre a Nilson Lima deste domingo (19), guardando-se para o Rio e para os 87 km da Comrades

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O consultor financeiro mineiro Nilson Paulo Lima, brasileiro que mais disputou maratonas, tem 71 anos e está perto de completar sua 360ª. Tre-zen-tos-e-ses-sen-ta. E na contabilidade entram as ultramaratonas, provas que podem ter muito mais do que 42 km.

É o caso da Comrades, de Durban, na África do Sul, que ele compete pela décima vez em 9 de junho e que tem de 87 km a 89 km, a depender da edição. Esta, por ser em ano par, tem 87 km, mas o "alívio" dos dois quilômetros é amplamente compensado pela altimetria cascuda, com mais subidas do que descidas.

Os números do Nilsão são extravagantes. No ano passado, correu 39 maratonas em 26 países diferentes; ótima marca, mas abaixo de 2017, quando disputou 53 provas de 42 km. Caso fossem bem distribuídas ao longo do ano, seria uma por semana. Como nunca é assim, houve um período de 24 dias com 14 provas.

Nilsão é tão célebre entre os corredores amadores que em Uberlândia (MG), sua cidade natal, ele dá nome à prova de 42 km. O evento, agora em sua sétima edição, acontece neste domingo (19), mas ele já não o disputa mais, preferindo ficar "mais na social", como disse a este colunista. É que, dos cerca de 3.000 participantes das provas de 42 km, meia maratona e 5 km, algumas centenas são amigos.

De Recife, por exemplo, chegam em peso os corredores da Acorja, um dos maiores clubes de corrida do Brasil; e dos cerca de 140 brasileiros que vão à Comrades com ele em junho, Nilsão calcula que uns 90 a cem estarão domingo em Uberlândia.

O homem descansa carregando pedra. No fim de abril, ao chegar da mara de Boston, a mais desejada das maratonas, correu as de Brasília e Porto Alegre (a versão da New Balance); e em 2 de junho ataca os 42 km do Rio (com direito, quem sabe, a 30ºC na manhã de domingo). No dia em que lhe telefonei, uma sexta-feira ordinária, ele havia treinado cedinho seu "longão" de 35 km no parque do Sabiá.

Toda vez que falo com ele nutro a esperança de encontrá-lo um pouco menos diligente com seus treinos – e, quem sabe, receber uma bênção indireta a meu método bem mais anárquico. Dou com os burros n’água. "Com a Comrades chegando, se eu não treinar subida, não tem milagre", disse.

Além da corrida, ele dedica cerca de cinco horas semanais para exercícios de pilates, deep running e spinning, o último que ele chama de "viagem ao inferno", especialmente por praticá-lo em ambiente fechado.

Nilson rejeita liminarmente a pecha de superatleta ou de alguém de "genética privilegiada". Seu segredo é exatamente não parar de correr e manter uma estrutura médica permanente. Com seu cardiologista é judicioso, jamais falhando nos exames periódicos e ainda mantendo nas maratonas um "trem de corrida" moderado, numa zona de esforço que, como diz, "dá para conversar".

Não só para conversar, como perder um tempinho para tirar fotos com a claque. No meu último encontro em prova com ele, numa maratona "B" em Boston, a mara do Rio Charles, Nilsão não se furtou às selfies, comigo e com minha mulher, em momentos diferentes da prova.

É bem verdade que sua maratona-alvo era dali a exatos sete dias, a mara de Nova York, que ele completaria em 3:55:18.

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