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Marcelo Duarte é escritor, jornalista e, acima de tudo, curioso

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Descrição de chapéu Natal

Afinal de contas, qual a verdadeira origem do panetone?

Há versões variadas, incluindo uma história de amor e outra que fala de receita queimada numa noite de Natal

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Dezembro é o mês oficial do panetone. Os supermercados têm pilhas deles. Tradição de Natal, esse tipo de pão doce pode ser recheado de frutas cristalizadas e uvas passas, ou de gotas de chocolate (o famoso chocotone), ou de sorvete, ou ainda de variados recheios (doces e atualmente também salgados).

O panetone foi criado na cidade de Milão, na Itália, mas não se sabe ao certo por quem e quando. Existem, isso sim, diversas versões.

Poderia nos contar uma delas?

Toni, ajudante de cozinheiro do duque de Milão, Ludovico Sforza, estava trabalhando na noite de Natal de 1495. Deixou queimar os biscoitos que seriam servidos de sobremesa para os convidados do duque.

Acabou improvisando uma receita de pão doce, que, de tão saborosa, acabou sendo batizada de Pane-di-Toni em sua homenagem.

Panetone de cupuaçu, laranja e castanha-do-pará da padaria Zestzing
Panetone de cupuaçu, laranja e castanha-do-pará da padaria Zestzing - Michele Minerbo/Divulgação

Que bela história...

Tem outra que você vai gostar mais ainda.

Um rapaz chamado Ughetto, filho de um fiel escudeiro do mesmo duque de Milão, apaixonou-se por Adalgisa, filha de um padeiro. A família de Ughetto foi contra o relacionamento porque a moça era pobre.

O rapaz resolveu se empregar na padaria para ensinar uma receita ao pai da moça e, ao mesmo tempo, ficar pertinho dela. A estratégia deu certo. O pai de Adalgisa, Toni, teria ganhado bastante dinheiro com a novidade, o que possibilitou o casamento dos dois.

Fiquei até arrepiado! Quer dizer que o panetone pode ter nascido de um caso de amor?

Tudo indica que não. Em 2007, o escritor napolitano Stanislao Porzio publicou o livro "O Panetone - História, Lendas e Segredos de um Protagonista do Natal" (não lançado no Brasil) e mostrou que nada disso aconteceu.

O panetone nasceu mesmo em Milão, mas teria sido uma criação anônima, cuja receita foi sendo aperfeiçoada com o passar do tempo. O que se sabe é que o padeiro milanês Angelo Motta teria criado esse formato abobadado em 1919. Antes eles eram achatados, como colombas pascais.

Quando o panetone chegou ao Brasil?

No Brasil, a tradição surgiu depois da Segunda Guerra Mundial. Imigrantes italianos resolveram fazer o mesmo panetone consumido por eles na Itália na época de Natal. O bolo se popularizou por aqui graças a Carlo Bauducco, italiano de Turim.

Ele chegou ao Brasil em 1948 e ficou encantado com o tamanho da colônia italiana. Voltou a Turim disposto a vender tudo o que tinha e a abrir um novo negócio. Desembarcou novamente em São Paulo com um amigo confeiteiro, Armando Poppa, e uma massa fermentada enrolada num pano.

Os primeiros foram batizados de Panettone 900 Lanci. O 900 era o número da máquina que fazia o panetone, e Lanci, o sobrenome de três irmãos italianos que entraram como sócios. Somente em 1952 Carlo abriu a Doceria Bauducco, que se transformou no lugar ideal para vender sua receita.

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