A CPI da Quarteirização da Assembleia Legislativa de São Paulo decidiu convocar o empresário Basile George Pantazis para depor sobre a compra de respiradores chineses pela gestão João Doria (PSDB).
Estimada inicialmente em mais de R$ 500 milhões, ela foi repactuada para R$ 242 milhões e, então, após polêmicas e atrasos, o governo do estado tentou rescindir o contrato. Por meio de liminar, a empresa Hichens Harrison entregou 1.280 respiradores.
A Folha mostrou que Pantazis participou da negociação como intermediário entre o governo de São Paulo e a empresa. A administração estadual e a Hichens Harrison negam a participação do empresário.
A compra também é investigada pelo Ministério Público de São Paulo.
A CPI, presidida pelo deputado Edmir Chedid (DEM), vai notificar Basile nos próximos dias e espera ouvi-lo já na semana que vem. O presidente da InvestSP, Wilson Mello Neto, também foi convocado.
A CPI investiga a quarteirização de contratos firmados pelo poder público com empresas do terceiro setor.
No entanto, após consulta à Procuradoria da Assembleia Legislativa de São Paulo, que disse que a CPI é soberana para incluir temas que julgue pertinentes, os deputados decidiram absorver a investigação sobre possíveis fraudes na compra de respiradores pelo governo de São Paulo.
A gestão Doria diz à Folha que as tratativas com a Hichens Harrison ocorreram por intermédio de Fabiano Kempfer, vice-presidente de operações e responsável pelo escritório da empresa no Brasil. Diz, ainda, que Basile Pantazins é "um representante comercial da Hichens no Brasil".
Questionado pelo jornal em junho, o governo paulista não explicou, porém, por que há trocas de mensagens com o empresário, inclusive no momento da cobrança sobre o atraso da entrega dos equipamentos.
A Secretária de Saúde afirma que "a aquisição cumpriu as exigências legais e aos decretos estadual e nacional de calamidade pública e todos os esclarecimentos têm sido devidamente prestados aos órgãos de controle."
A Hichens Harrison disse, em junho, que o acordo foi celebrado diretamente com o governo do estado "sem intermediação de empresa brasileira". "Não há por parte da Hichens Harrison qualquer conhecimento sobre a atuação do senhor Basile Pantazis além da sua colaboração como "commercial advisory" [consultor comercial] com a nossa empresa", disse nota da intermediária.
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