Parte da estratégia digital de Guilherme Boulos foi considerada golpe baixo por petistas em SP. Na tela de quem busca no Google por palavras-chave sobre o PT, aparecem anúncios do PSOL.
Quem procura a expressão “candidato do Lula em SP” encontra um anúncio que diz “Boulos prefeito, Erundina vice” e leva para o site dele —embora o ex-presidente tenha declarado apoio a Jilmar Tatto. Petistas dizem que o comportamento de Boulos pode abalar parcerias futuras.
Depois de perceber a estratégia, a campanha petista também comprou anúncios. Em alguns casos, agora, já aparecem anúncios dos dois candidatos. Até mesmo a busca pelo nome de Jilmar Tatto exibia anúncio que direcionava para o site de Boulos.
Há situações, no entanto, em que anúncios do petista nem aparecem. Quando a busca é feita por "candidato do Lula SP", aparecem anúncios de Boulos e de Luna, candidata a vereadora pelo PT.
Ao anunciar na plataforma Google Ads, o interessado pode escolher as palavras-chave que, caso buscadas por usuários, farão com que seus anúncios apareçam, desde que exista relação entre o site divulgado e os termos procurados.
A decisão sobre qual anúncio tem prioridade em relação a outros na exibição da busca no Google parte do cruzamento dos fatores dinheiro investido e o chamado "índice de qualidade" (que envolve diversas variáveis como qualidade do site de destino, relação com as palavras-chave, histórico do usuário, entre outros).
Os anúncios aparecem acima dos resultados de busca chamados "orgânicos", ou seja, links de sites com conteúdo relacionado às palavras-chave buscadas e que não pagaram para serem listados ali.
Quando alguém busca por "candidato do Lula SP", por exemplo, aparecem links de notícias de portais sobre esse tema, como "Quem é Jilmar Tatto" ou "Com Haddad e fala de Lula, PT lança candidatura de Tatto", que não são listados de acordo com fatores de pagamento, mas sim segundo a pertinência e a qualidade do conteúdo.
Há navegadores configurados para que os anúncios sejam bloqueados. Nesses casos, apenas as notícias relacionadas ao tema procurado são listadas.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, a campanha de Boulos investiu R$ 50 mil em ferramentas do Google nesta eleição até o momento.
Em outubro, o TSE fixou ententimento de que a prática não é proibida em caso relacionado ao próprio Tatto. Em 2018, concorrendo ao cargo de senador, ele utilizou "Ricardo Tripoli", seu concorrente tucano, como palavra-chave em busca no Google. O petista foi multado em R$ 10 mil pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, mas a punição foi anulada pelo TSE.
A estratégia digitial se soma a atitudes de apoiadores do PSOL que têm sido classificadas como assédio por petistas. Eles defendem que Boulos intervenha para evitar certas formas de pressão que consideram desrespeitosas a Tatto. Eles citam como exemplo um manifesto em que pedem união na esquerda em torno das candidaturas de Boulos e de Benedita da Silva (PT-RJ).
A campanha de Boulos disse ao Painel que tem boa relação com todas as candidaturas de esquerda. Não respondeu sobre a estratégia digital ou sobre eventuais excessos de seus apoiadores.
"Nossos adversários são Covas e Russomanno, representantes do bolsonarismo e dos tucanos em São Paulo, e seguirão sendo no segundo turno, quando estaremos juntos para fazer da cidade a capital da resistência e da democracia", completou.
Tiroteio
Não aguento mais com tanto pedido de fundo eleitoral nos últimos dias! Só que o fundo é raso
Do deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos, sobre as demandas de candidatos do partido na reta final da campanha
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