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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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'Não temos estradas, nosso isolamento geográfico é uma sentença de morte', diz prefeito de Manaus

Com caos nos hospitais e falta de oxigênio, David Almeida diz que suprimentos chegariam mais rapidamente por terra, dada a limitação dos aviões militares

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O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), afirma que a falta de oxigênio na rede hospitalar da capital é culpa do isolamento geográfico da cidade, onde se acessa apenas por avião ou barco.

“Esse isolamento nos torna distantes e diferentes, não temos acesso ao resto do Brasil e isso, neste momento, é uma sentença de morte. Se tivéssemos a estrada não estaríamos passando pelo que estamos passando”, diz ele, referindo-se à BR-319, cujo calçamento é alvo de preocupação de ambientalistas.

Uma vez aberta a via, teme-se que seja o início de um foco novo de desmatamento na Amazônia. O asfaltamento da via, no entanto, é pedido antigo de políticos da região.

A queixa voltou à tona porque um dos gargalos na entrega de oxigênio em Manaus é, segundo o prefeito, a baixa capacidade de entrega de aviões militares frente à necessidade.

Duas aeronaves da Força Aérea estão entregando cerca de 12 mil metros cúbicos de oxigênio por dia. A necessidade atual, porém, é de 76 mil metros cúbicos. A produção local não chega a 30 mil metros cúbicos.

“Está faltando oxigênio na rede particular, então não é uma questão do Estado. Os hospitais grandes todos estão colapsando. Tem suprimento de apenas horas de oxigênio. Se não chegar vai ser uma mortandade imensa”.

O prefeito de Manaus, David Almeida, que tomou posse em 1º de janeiro
O prefeito de Manaus, David Almeida, que tomou posse em 1º de janeiro - MICHAEL DANTAS / AFP

É outro isolamento, que não foi feito pela população, que levou à explosão de casos, segundo admite o prefeito.

No fim do ano, o governador Wilson Lima (PSC) tentou baixar um lockdown. Foi pressionado por empresários, comerciantes e por políticos e voltou atrás. A prefeitura não acionou nenhuma proibição.

“Eu pedi para as pessoas ficarem em casa. Antes de assumir eu já vinha falando. Isso é reflexo das festas de fim de ano. Tudo isso desaguou agora”, afirma o prefeito.

“Manaus está de luto, toda família tem um amigo, um parente morto. Quando entra na sua casa e você vê o problema, você acaba se convencendo”, afirma. “Ainda tem aqueles radicais que querem insuflar por questões políticas e tudo mais, mas a maioria já aderiu às recomendações.”

Agora, Almeida afirma que vai reduzir para 25% ou 30% a frota de transporte coletivo e acredita que o toque de recolher decretado nesta quinta (14) pelo governador deve ajudar a frear o aumento do número de casos.

“A população começou a entender há três, quatro dias. Hoje, o isolamento está em 60% mas precisamos chegar a 90%, manter o distanciamento”.

O prefeito afirma que as redes sociais ajudaram a propagar informações que levaram as pessoas a desacreditarem nas medidas de restrição.

“O pessoal não quis ficar em casa. Redes sociais são uma terra de ninguém… É como Raul Seixas já dizia, não posso entender tanta gente aceitando a mentira”, afirmou.

“Hoje está dramático, amanhã será também se não chegar oxigênio, uma tragédia. Tudo o que concerne à prefeitura está sendo feito, mas se tudo der errado, é a morte. E mesmo depois disso, é preciso um sepultamento digno. Tudo isso está sendo providenciado, prevendo o caos.”

Almeida teve Covid-19 no ano passado e pretende replicar para a população o seu tratamento, apesar da controvérsia na comunidade médica.

Ele fala em adotar o tratamento precoce contra a Covid-19, mas não com hidroxicloroquina, como defende Jair Bolsonaro. O coquetel que ele promete distribuir contém ivermectina, azitromicina, vitaminas C e D, corticóide e paracetamol.

O tratamento contra os efeitos da Covid-19 foi alvo de evolução desde a descoberta da doença e atualmente médicos consideram que nenhum remédio oferece resultado efetivo para evitar o agravamento da doença, que ocorre em uma parcela menor de indivíduos.

O político, no entanto, diz que recebeu o tratamento em Manaus e quer comprar os medicamentos para distribui-los em massa.

“Vou distribuir sim, porque precisa diminuir a carga viral. Precisa aumentar a imunidade das pessoas. Com isso, diminui contágio”.

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