O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal publicou resolução com o objetivo de proteger médicos que prescrevem remédios como cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina para o tratamento da Covid-19.
Incensados pelo governo Jair Bolsonaro, a cloroquina e a hidroxicloroquina não mostraram efeito benéfico no tratamento da doença, e não há estudo convincente sobre a eficácia antiviral da ivermectina. Além disso, médicos e pacientes têm relatado efeitos colaterais graves derivados do uso indiscriminado.
Publicada no Diário Oficial do DF nesta quarta-feira (3), a resolução diz que é vedada "qualquer tipo de ameaça, coação, discriminação ou assédio moral entre colegas médicos ou por parte de superior hierárquica médico em decorrência de conduta clínica adotada, por médico, frente ao tipo de abordagem do paciente com Covid-19".
Dessa forma, o profissional que acreditar ter sido vítima de discriminação ao prescrever esses remédios, por exemplo, poderá denunciar o caso ao CRM-DF para que a pessoa que supostamente o discriminou seja investigada e, possivelmente, punida.
Assinado pelo presidente do CRM-DF, Farid Buitrago Sánchez, a resolução enfatiza a autonomia do médico para presecrever o que acha mais adequado para o tratamento de seu paciente, como tem feito o Conselho Federal de Medicina.
O texto ainda defende a atuação de Jair Bolsonaro ao dizer que "ter transformado a pandemia em uma ferramenta política de agressão ao governo federal foi o que pior poderia ter acontecido na condução e enfrentamento da mesma".
A resolução afirma que assim como futebol há milhões de técnicos no Brasil, com a pandemia o país passou a ter "milhões de cientistas da Covid-19", em referência aos que apontam que o tratamento precoce não tem eficácia científica comprovada.
"Todos dando declarações públicas com certezas absolutas, se intitulando Doutores Pesquisadores, quando na verdade, sequer detêm habilitação profissional para fazer considerações de assuntos eminentemente médicos", diz.
"O tempo não nos autoriza parar e filosofar, discutir política ou aguardar as melhores evidências científicas para agir. Da mesma forma não há lugar para vaidades, disputas de argumentos científicos", continua o documento.
A utilização desses medicamentos, além da falta de eficácia comprovada, tem sido associada a efeitos colaterais graves.
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