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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Professor investigado pelo governo por ter criticado Bolsonaro terá que participar de curso de ética pública

Eraldo Pinheiro classifica o processo como forma do governo 'silenciar o outro lado do diálogo'

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O professor Eraldo dos Santos Pinheiro, pró-reitor de Extensão e Cultura da Ufpel (Universidade Federal de Pelotas), classifica o processo instaurado pela CGU (Controladoria-Geral da União) contra ele como uma forma do governo tentar “silenciar o outro lado do diálogo”.

Além dele, o ex-reitor Pedro Hallal também foi alvo do órgão.

Os dois professores assinaram um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com a CGU após a abertura de um processo disciplinar contra eles por criticarem o presidente Jair Bolsonaro em uma live.

“Quando se acabam os argumentos se entra numa retórica agressiva a fim de silenciar o outro lado do diálogo. Acho que é exatamente isso que acontece”, diz Pinheiro ao Painel.

Pelo acordo, os dois professores estão proibidos de fazer qualquer tipo de manifestação política dentro da universidade e terão que participar de um curso de ética no serviço público.

Pinheiro diz evitar tecer comentários sobre a ação da CGU para não desrespeitar o acordo firmado, mas diz que caso não assinasse o TAC poderia ser alvo de punições mais duras.

“Não sei se foi uma forma de censura explícita, porque tínhamos opção de não assinar o TAC, mas a questão é que, se não assinar, uma comissão é criada e é fácil encontrarem elementos para uma exoneração ou algo nesse sentido. A questão em si não é o TAC, mas sim o simbolismo por trás desse TAC”, afirma.

Pedro Hallal, por sua vez, disse à Folha que assinou o TAC para evitar uma punição mais grave e que o processo não vai fazer cessar as críticas feitas por ele sobre a condução da pandemia pelo governo federal.

A CGU abriu a apuração após denúncia do deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS). A fala que deu origem ao processo disciplinar foi durante uma live, em 7 de janeiro, em que os professores falavam sobre a nomeação da nova reitora da Ufpel. Bolsonaro nomeou Isabela Fernandes Andrade, segunda colocada na lista tríplice.

Na live, eles chamaram Bolsonaro de presidente com “p” minúsculo, defensor de tortura e afirmaram que ele seria contra a vacinação contra a Covid-19.

O processo foi aberto porque a CGU entendeu que como a live foi feita em canais oficiais da Ufpel os dois professores estavam no local de trabalho.

“A mensagem que a gente passa é que vamos continuar lutando pela autonomia da universidade, continuamos com o trabalho aqui na nossa comunidade e os pensamentos não serão cerceados, isso eles podem ter certeza”, concluiu.

O presidente Jair Bolsonaro durante coletiva com seus ministros para tratar de sobre politicas energéticas
O presidente Jair Bolsonaro durante coletiva com seus ministros para tratar de sobre politicas energéticas - Mateus Bonomi/AGIF

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