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Professora universitária de medicina faz campanha para Bolsonaro em salas; veja

Fabiana Anjos, da Universidade de Gurupi, em Tocantins, foi gravada durante intervenções; ela afirma que fazia relato pessoal

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São Paulo

A professora Fabiana Anjos, da Universidade de Gurupi (UnirG), em Tocantins, foi gravada enquanto interrompia aulas de colegas para fazer discursos em favor de Jair Bolsonaro (PL) e contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A UnirG é uma universidade pública municipal, mantida pela Fundação UnirG, entidade de direito público.

A professora diz ao Painel que não estava fazendo campanha, que estava apenas falando sobre medicina e fazendo relatos de sua experiência pessoal.

A tentativa de influenciar no direito ao voto livre configura assédio eleitoral. Até esta quinta-feira (27), o Ministério Público do Trabalho recebeu 1.734 de potenciais infrações do tipo.

Professora Fabiana Anjos, da Universidade de Gurupi, em fala pró-Bolsonaro em sala de aula
Professora Fabiana Anjos, da Universidade de Gurupi, em fala pró-Bolsonaro em sala de aula - Arquivo pessoal

Nas gravações às quais a coluna teve acesso, Fabiana diz que os alunos são "as pessoas top, em termos intelectual, do país", e que devem votar apenas pensando neles e no futuro da medicina. Ela afirma que, caso o PT vença, todas as professoras de Ginecologia e Obstetrícia vão deixar a UnirG e que ela vai mudar para os Estados Unidos.

"Estou aqui para alertar vocês que são médicos. Pensa no que vocês vão querer para o futuro de vocês. Não votem pensando em qualquer outro. Votem pensando em vocês. Para mim é fácil. Eu tenho minha cidadania portuguesa, meu filho tem cidadania portuguesa, estou com passagem comprada para os EUA, minha carteira para dirigir nos EUA está pronta. Eu vou embora. Vocês vão formar. E vou falar para vocês: dependendo, vocês nem formam. Se formar, também não vai adiantar. O que abriu de escola médica na era PT, vocês não têm noção", disse Fabiana, que, nas redes sociais, manifesta com frequência seu apoio a Bolsonaro.

"Eu sei o que é ser revoltadinho, achar que votar no Lula é ser revoltado. Eu sei o que é que é isso. Só que pensem no futuro de vocês", continua a professora.

Em seu relato pessoal, a médica afirmou que foi demitida de um posto de saúde em Uberlândia (MG) "porque colocaram os cubanos" em seu lugar.

"Pré-natal, antes, era feito por G.O. [ginecologista e obstetra] no posto de saúde. Posto de saúde tinha G.O., pediatra, que simplesmente tirou para colocar cubanos", afirmou.

Ela ainda disse que, depois da demissão em Uberlândia, ninguém queria alugar uma casa para ela, pois não saberiam se ela teria condições de pagar. Por isso, afirmou, teve que morar dentro de um hospital e dormir em um colchão.

Segundo relatos de alunos à coluna, o filho de Fabiana é aluno de medicina da universidade e acompanhou a intervenção da mãe. Os estudantes dizem quem a professora passou por diversas falas para apresentar seu discurso.

Em áudio encaminhado em grupo, Fabiana diz que acha que teve uma "energia muito boa" nas salas de primeiro e terceiro período, ainda que acredite que não vá "mudar o voto de todo mundo". "Agora, no segundo período, eu nem consegui falar direito. Nossa, tinha uma energia negativa tão grande naquele segundo período que eu me senti mal", disse.

Em mensagem enviada em grupo de WhatsApp, Fabiana escreveu "que segundo período bosta!". Outra pessoa respondeu "quase todos, especificamente os petistas. Eu ouvi falas: a era anticristo está voltando. Sério, estou chocada!".

Mensagem enviada por Fabiana Anjos em grupo de WhatsApp
Mensagem enviada por Fabiana Anjos em grupo de WhatsApp - Reprodução

Procurada, a professora disse que não estava fazendo campanha para um lado ou outro, mas estava apenas relatando sua experiência pessoal. Ela também afirmou que sempre fala de protocolos do Ministério da Saúde em suas aulas, comparando-os ao longo dos anos.

"Isso não é campanha para um lado ou outro. É a minha experiência pessoal. Nada disso é mentira", afirma.

Sobre o entendimento de que ela estava incentivando os alunos a votarem em Bolsonaro e não em Lula, ela afirma que a interpretação dos fatos depende "do que a pessoa quer interpretar". "Minha intenção em tudo é o melhor esclarecimento possível", argumenta.

Ela afirma que seu único comentário político foi o de incentivar os alunos a votarem. Por fim, sobre o áudio em que diz que não conseguiu mudar votos, ela afirma que estava falando de uma eleição para o conselho superior da universidade, e não da disputa presidencial.

Em nota nas redes sociais, a UnirG destacou artigo da lei eleitoral que trata da proibição da utilização de bens públicos para propaganda eleitoral.

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